Résumé
A trajetória artística de Letícia Bertagna, uma das artistas indicadas da décima primeira edição do prestigiado Prêmio Pipa, é o disparador deste artigo. Aqui concentro-me na série de imagens digitais “Fundo do fora”, que vem sendo composta desde 2016 por Letícia. Dessa série, trago três imagens como gatilhos metonímicos para defender a hipótese de que Bertagna performa micronarrativas imagéticas, tendo como procedimento a operação de oximoros verbovisuais, sobretudo em aporias forjadas entre título e imagem. Lanço mão da perspectiva de linguagem do Wittgenstein maduro como pano de fundo teórico para a reflexão em que reconheço capacidades narrativa e poética nas obras de Bertagna a partir de variados recursos linguísticos. Além disso, vejo em seu gosto pelo cotidiano um movimento de deslocamento a revelar o estranho do comum. A estranheza comparece como oximoros verbovisuais em que a artista ficcionaliza vida e arte, diluindo seus limites e potencializando significâncias.