Resumo
Este artigo propõe a análise de um conjunto de obras de Antonio Saggese capturadas em regiões da mata atlântica paulista. Nelas, transcende a frivolidade da mera documentação visual, evocando um olhar tanto poético quanto crítico sobre a uma ideia de realidade objetiva. Motivado pelas reflexões de teóricos como André Bazin e Susan Sontag, entre outros, Saggese explora a complexa relação entre fotografia, tecnologia e percepção de mundo. Suas imagens, enquanto chamam atenção para a preservação de floresta que, em função de modelo econômico sempre menos sustentável, existe apenas enquanto vestígio, também interrogam a própria natureza da fotografia, destacando o papel da captação da luz e do aprimoramento técnico na nossa concepção de representação da realidade. Ao evocar ainda as gravuras de viajantes europeus dos séculos XVIII e XIX e as proposições específicas do gênero de pintura de paisagem, o fotógrafo cria uma figuração que desafia nossa percepção e abre espaço para um diálogo profundo sobre a essência e a interpretação dessas paisagens, reafirmando a fotografia como uma forma de criação cenográfica e subjetiva.
Referências
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