Resumo
Se considerarmos o ato de pintar nos dias de hoje, é imprescindível não dissociá-lo do contexto contemporâneo de proliferação intensiva da imagem digitalizada. Ao evocar tal prática, compreendemos que ela transcende a mera execução de "fazer pintura". Repensar ou redefinir o significado da pintura na atualidade permanece como uma questão em constante evolução, mesmo diante do cenário de emergência tecnológica. Partindo da minha experiência como pintora para uma análise da obra de Marlène Dumas, é possível esboçar uma primeira definição de metaforização. A abordagem que almejamos adotar leva em consideração o método de edição desenvolvido por Aby Warburg para a concepção de seu Atlas Mnemosyne. Essa abordagem será estruturada em torno de duas noções principais: em primeiro lugar, a ideia de "distância metafórica", conforme concebida por Warburg, para quem a consciência da distância, como instrumento de orientação mental, pode assegurar uma função social duradoura, fundamental para o destino da cultura e do sucesso. Em seguida, o "processo metafórico" será explorado à luz das ideias de Paul Ricoeur, que, em sua perspectiva filosófica da linguagem, oferece a oportunidade única de investigar todo o campo da semiologia para transcender os signos centrais na relação entre linguagem e realidade. Essa abordagem possibilita que o antigo problema filosófico da verdade se manifeste em novas formas e contextos.
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