Resumo
Este curta metragem, para além da alegada herança do surrealismo, utiliza processos híbridos cômicos e fantásticos (como a criação de uma quimera, a narração disruptiva, os diálogos nonsenses voltados para a fatrasia), que retomam a carnavalização descrita por Michaël Bakhtine, e mais particularmente La Sottie, uma peça satírica em versos, de origens medievais, apresentada na época do carnaval. A referência ao Elogio da Loucura de Erasmo seria uma prova disso. Nesse desfile bufão, David Lynch feito um Mestre do Absurdo [1] se diverte colapsando os códigos da narração do film noir, como sua própria filmografia, criando uma estética turbulenta capaz de desafiar a plataforma disruptiva sobre a qual se faz sua estreia.