A constituição de saberes e sujeitos coletivos em atividades de catação de materiais recicláveis

Autores

  • Nadia Scariot Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul
  • Walter Frantz Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul https://orcid.org/0000-0002-4528-7389

DOI:

https://doi.org/10.14393/REP-2021-58030

Palavras-chave:

Catadores de materiais recicláveis, Emancipação social, Histórias de vida, Saberes profissionais, Socialização profissional

Resumo

O artigo foi elaborado a partir de um contexto de pesquisa, vinculada a estudos de pós-graduação. Buscou-se identificar saberes profissionais e emancipatórios em atividades coletivas de catação, seleção e comercialização de materiais recicláveis. Em termos amplos, orientou-se pela hipótese de que esses saberes contribuem, através do processo de socialização profissional, para a  organização cooperativa, isto é, para as novas relações entre as/os catadoras/os e, consequentemente, possibilitam empoderamento nas relações de mercado e maior autonomia em relação ao seu trabalho, levando-os a se afirmarem como sujeitos coletivos de poder pela associação e cooperação. No processo de produção de dados para análise e interpretação, fez-se uso da metodologia de “histórias de vida”, realizando três entrevistas com o auxílio de questões semiestruturadas. Trata-se de uma abordagem da realidade social vivida pelos sujeitos pesquisados e a possibilidade de transformação dessa realidade pelos próprios sujeitos envolvidos no processo. Tendo a educação popular como método e práticas educativas de aprendizagem, os catadores de materiais recicláveis constituíram saberes profissionais e socialização profissional, possibilitando-lhes maior autonomia de trabalho e emancipação social.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Nadia Scariot, Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul

Doutora em Educação nas Ciências pela Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, Brasil; período sanduíche na Universidade de Coimbra, Portugal; professora da rede pública municipal de Santana de Livramento, Rio Grande do Sul, Brasil.

Walter Frantz, Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul

Doutor em Ciências Educativas (Sociologia, Pedagogia, Ciências Políticas) pela University of Münster, Alemanha; estágio pós-doutoral na Universidade do Vale do Rio dos Sinos, Rio Grande do Sul, Brasil; professor titular da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, Brasil.

Referências

AMADO, J. (coord.). Manual de Investigação Qualitativa em Educação. 2. ed. Coimbra: Imprensa da Universidade de Coimbra, 2014. Doi: 10.14195/978-989-26-0879-2.

BARROS, A. de M. Die Dynamik der offiziellen Anerkennung prekärer Arbeit: Eine Fallstudie über die Inklusion von Wertstoffsammlerinnen und Wertstoffsammlern in die Abfallwirtschaft im Rahmen des Schließungsprozesses der Metropoldeponie Jardim Gramacho, Bundesstaat Rio de Janeiro, Brasilien. 2015. 229 f. Tese (Doutorado em Economia e Ciências Sociais) – Universidade de Osnabrück, Alemanha, 2015.

BAUMAN, Z. Vidas desperdiçadas. Tradução de Carlos Alberto Medeiros. Rio de Janeiro: J. Zahar, 2005.

BRASIL. Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010. Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos; altera a Lei no 9.605, de 12 de fevereiro de 1998; e dá outras providências. Brasília, DF, 2010. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12305.htm. Acesso em: 15 maio 2020.

CAMPOS, G. W. de S. Um método para análise e cogestão de coletivos: a constituição do sujeito, a produção de valor de uso e a democracia em instituições: o método da roda. São Paulo: Hucitec, 2000.

DANTAS, A. A atualidade do mundo de Carolina. In: JESUS, C. M. de. Quarto de despejo: diário de uma favelada. 10. ed. São Paulo: Ática, 2014. p. 6-8.

DUBAR, C. A crise das identidades: a interpretação de uma mutação. Tradução de Mary Amazonas Leite de Barros. São Paulo: EDUSP, 2009.

DUBAR, C. A socialização: construção das identidades sociais e profissionais. Tradução de Annette P. R. Botelho e Estela P. R. Lamas. Porto, Portugal: Porto Editora, 1997. (Coleção Ciências da Educação).

FRANTZ, W. A educação para a cooperação no caminho do desenvolvimento. In: BRAYNER, F. (org.). Educação popular: novas abordagens, novos combates, novas perspectivas. Recife: Editora da UFPE, 2013. p. 77-91.

FRANTZ, W. Education in co-operative practice. In: SZÉLL, G.; BOESLING, C. H.; SZÉLL, U. (org.). Labour, education & society: perspectives for the 21st Century. Frankfurt am Main: Peter Lang, 2008. p. 93-105.

FREIRE, P. 49. ed. Pedagogia do oprimido. São Paulo: Paz e Terra, 2005.

FREIRE, P. Conscientização: Teoria e prática da libertação. 3. ed. São Paulo: Cortez & Moraes, 1979.

FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 21. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2002.

IBGE – INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA ESTATÍSTICA. Informalidade atinge 41,6% dos trabalhadores no país em 2019. Disponível em: https://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noticia/2020-11/ibge-informalidade-atinge-416-dos-trabalhadores-no-pais-em-2019#:~:text=Economia-,IBGE%3A%20informalidade%20atinge%2041%2C6%25%20dos,trabalhadores%20no%20pa%C3%ADs%20em%202019. Acesso em: 15 jan. 2021.

JESUS, C. M. de. Quarto de despejo: diário de uma favelada. 10. ed. São Paulo: Ática, 2014.

JOSSO, M. C. Experiências de vida e formação. Prefácio de António Nóvoa. Ttradução de José Claudino e Julia Ferreira. São Paulo: Cortez, 2004.

LENSKI, G. Macht und Privileg: eine Theorie der sozialen Schichtung. Frankfurt am Main: Suhrkamp, 1977.

LISBOA, C. Os que sobrevivem do lixo. Desafios do Desenvolvimento, Brasília, Ano 10, n. 77, p. 58-63, 2013. Disponível em: https://www.ipea.gov.br/desafios/index.php?option=com_content&view=article&id=2941:catid=28&Itemid=23. Acesso em: 15 maio 2020.

MARQUES, M. O. A aprendizagem na mediação social do aprendido e da docência. 3. ed. Ijuí: Editora da Unijuí, 2006.

SANTOS, B. S. A crítica da razão indolente: contra o desperdício da experiência. v. 1. São Paulo: Cortez, 2000.

SANTOS, B. de S. Para uma pedagogia do conflito. In: SILVA, L. H. AZEVEDO, J. C. de; SANTOS, E. S. dos. Novos mapas culturais, novas perspectivas educacionais. Porto Alegre: Sulina, 1996. p. 15-33.

SANTOS, B. de S. Renovar a teoria crítica e reinventar a emancipação social. São Paulo: Boitempo, 2007.

SANTOS, B. de S. Um discurso sobre as ciências. 4. ed. São Paulo: Cortez, 2006.

SANTOS, B. de S.; NUNES, J. A. Introdução: para ampliar o cânone do reconhecimento, da diferença e da igualdade. In: SANTOS, B. S. (org.). Reconhecer para libertar: os caminhos do cosmopolitismo multicultural. Porto: Afrontamento, 2004, p. 20-51.

SANTOS, C. C. Profissões e identidades profissionais. Coimbra: Imprensa da Universidade de Coimbra, 2011. Doi: 10.14195/978-989-26-0237-0.

SCARIOT, N. Catador não é lixo, não! Catador é lixo, sim!: o caso ACATA Ijuí. Saarbrücken, Germany: Novas Edições Acadêmicas, 2015.

SINGER, P. A recente ressurreição da economia solidária no Brasil. In: SANTOS, B. de S. (org.). Produzir para viver: os caminhos da produção não capitalista. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2002. p. 81-129.

SOUZA, T. Z. de; VASCONCELOS, V. O. de. Escravidão em Uberaba em diálogo com a educação popular. In: BRAYNER, F. (org.). Educação popular: novas abordagens, novos combates, novas perspectivas. Recife: Editora da UFPE, 2013. p. 27- 42.

Downloads

Publicado

31-08-2021

Como Citar

SCARIOT, N.; FRANTZ, W. A constituição de saberes e sujeitos coletivos em atividades de catação de materiais recicláveis . Revista de Educação Popular, Uberlândia, v. 20, n. 2, p. 160–181, 2021. DOI: 10.14393/REP-2021-58030. Disponível em: https://seer.ufu.br/index.php/reveducpop/article/view/58030. Acesso em: 13 nov. 2024.