Epicuro e Lafargue: por um hedonismo revolucionário
DOI:
https://doi.org/10.14393/REPRIM-v8n16a2023-70175Palavras-chave:
Capitalismo, Trabalho, Preguiça, Vício, VirtudeResumo
Resumo: Este trabalho objetiva analisar a crítica ao capitalismo feita por Paul Lafargue (1842-1911) no opúsculo O direito à preguiça, bem como, as possíveis contribuições da ética de Epicuro a essa crítica. Para Lafargue, o capitalismo industrial é responsável por criar uma moral que coloca o trabalho como virtude e a preguiça e os prazeres como vícios. Para Epicuro (341 a.C. – 270 a.C.) apenas uma vida repleta de prazeres verdadeiros perfaz o homem livre e a vida realmente feliz. No entanto, a moral capitalista, antitética em relação àquela vigente na Grécia antiga, na qual o trabalho afigurava-se como uma atividade de menor valor, afirma o trabalho e em seguida, o consumo, como a finalidade suprema da vida humana. Como consequência dessa supervalorização do trabalho, o proletariado é convencido de que o trabalho é uma necessidade natural, classificada como atividade superior ao gozo ou como condição inalienável para o mesmo. Constatadas as convergências conceituais entre Epicuro e Lafargue, este trabalho apresenta a possibilidade de um hedonismo revolucionário, isto é, uma posição filosófica e política que desconstrói o trabalho como virtude e afirma, como virtuoso, o homem livre e apto para os prazeres verdadeiros, tais como a preguiça e a reflexão filosófica.
Palavras-chave: Capitalismo; Trabalho; Preguiça; Vício; Virtude
Epicurus and Lafargue: for one revolutionary hedonism
Abstract: This work aims to analyze the criticism of capitalism made by Paul Lafargue (1842-1911) in the booklet The right to laziness, as well as the possible contributions of Epicurus' ethics to this criticism. For Lafargue, industrial capitalism is responsible for creating a morality that places work as a virtue and laziness and pleasure as vices. For Epicurus (341 B.C – 270 B.C) only a life full of true pleasures makes up a free man and a truly happy life. However, capitalist morality, antithetical to that prevailing in ancient Greece, in which work appeared as an activity of lesser value, affirms work, and then consumption, as the supreme purpose of human life. As a consequence of this overvaluation of work, the proletariat is convinced that work is a natural need, classified as an activity superior to enjoyment or as an inalienable condition for it. Having verified the conceptual convergences between Epicurus and Lafargue, this work presents the possibility of a revolutionary hedonism, that is, a philosophical and political position that deconstructs work as a virtue and affirms, as virtuous, the free man and apt for true pleasures, such as such as laziness and philosophical reflection.
Keywords: Capitalism; Work; Laziness; Addiction; Virtue
Data de registro: 21/07/2023
Data de aceite: 26/09/2024
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