Kant e a natureza não racional: algumas interpretações contemporâneas
DOI:
https://doi.org/10.14393/REPRIM-v8n16a2023-70138Palavras-chave:
Ética Animal, Ética dos Deveres, Ética AmbientalResumo
Resumo: O objetivo deste artigo é situar os animais dentro da teoria ética kantiana e expor a interpretação de Christine Korsgaard e Onora O’Neill fazem desse tema no filósofo. Kant considera que temos deveres diretos apenas para com seres racionais; isto é, seres humanos são fins em si mesmos, não podendo ser utilizados como meios para que fins de outros possam ser alcançados. Para com todos os demais seres, como animais, plantas e ecossistemas, Kant considera que temos deveres indiretos e que, portanto, podemos utilizá-los como meios para nossos fins, sendo estes considerados como coisas, em oposição ao conceito de “fim em si mesmo”. O debate se faz necessário, pois a interpretação destes conceitos acima descrita, a saber, a mais tradicional, nos dirige a conclusões consideradas antropocêntricas e a ações que não consideram moralmente nada além da vida racional, o que, em geral, vai contra as intuições de que a interação com a natureza não racional tem um significado moral mais amplo. Apesar de essa ser a interpretação mais tradicional da ética kantiana, o texto de Kant, nomeado “Lições de Ética”, e os debates contemporâneos realizados por outros autores, como Christine Korsgaard e Onora O’Neill, nos oferecem diferentes propostas de utilização da ética kantiana para refletir sobre a ética animal. A partir disso, nos propomos neste artigo também a pensar se de fato o conceito de deveres indiretos, tal como Kant nos apresentou, consegue responder aos dilemas da ética animal.
Palavras-chave: Ética Animal; Ética dos Deveres; Ética Ambiental
Kant and the non-rational nature: some contemporary interpretations
Abstract: The aim of this paper is to locate animals within Kant’s ethical framework and to expose the interpretation that Christine Korsgaard and Onora O’Neill have about this theme on the philosopher. Kant considerates that we have direct duties only to rational beings; in other words, human beings are ends in themselves and cannot be used as means to others’ ends may be achieved. Regarding other beings, like animals, plants and ecosystems, Kant states that, to them, we only have indirect duties, and therefore we can use them as means to our ends; they are considered things, in opposition to the concept of the “end in itself”. The debate is necessary, because the interpretation of these concepts described above, namely the most traditional, guide us to conclusions seem as anthropocentric and to actions that don’t consider morally nothing but the rational life. This view is against the intuitions that the interaction with the non-rational nature has a wider moral meaning. Although this is the most traditional interpretation of Kantian ethics, the Kant’s text Lectures on Ethics, and the contemporaries debates made by other authors like Christine Korsgaard and Onora O’Neill offer us different suggestions about how to think about animal ethics through Kantian ethics. From that, in this paper we propose ourselves to think if the concept of indirect duties, as Kant presented it to us can in deed answer animal ethics dilemmas.
Keywords: Animal Ethics; Ethics of Duties; Environmental Ethics
Data de registro: 18/07/2023
Data de aceite: 26/04/2024
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