Trabalhos manuais e saberes geométricos – apropriações do Rio de Janeiro a partir da circulação internacional

Conteúdo do artigo principal

Maria Célia Leme da Silva
Claudia Regina Boen Frizzarini
Gabriel Luís Conceição

Resumo

O presente artigo tem como objetivo compreender como propostas de inserção dos trabalhos manuais no ensino primário, que circularam internacionalmente, foram apropriadas no contexto brasileiro, em particular, no Rio de Janeiro, no final do século XIX até a década de 30 do século XX. A análise das fontes pauta-se sobre a circulação e as transferências de conhecimentos; processos de apropriação e objetivação (Matasci, 2015; Valente, 2020). Identificou-se que os três métodos colocados em circulação pelos viajantes brasileiros – Froebel, Boogaerts e Slodj – não foram igualmente incorporados, referenciados e nem reproduzidos para o contexto brasileiro. Conclui-se que, para que os trabalhos manuais fossem considerados como um auxiliar poderoso da geometria, se fez necessário um longo processo de objetivação, de mais de quatro décadas.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Detalhes do artigo

Como Citar
Silva, M. C. L. da ., Frizzarini, C. R. B. ., & Conceição, G. L. . (2021). Trabalhos manuais e saberes geométricos – apropriações do Rio de Janeiro a partir da circulação internacional. Ensino Em Re-Vista, 28(Contínua), e023. https://doi.org/10.14393/ER-v28a2021-23
Seção
DOSSIÊ 2 - HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO MATEMÁTICA

Referências

BASTOS, M. H. C. Manual para os jardins de infância: ligeira compilação pelo Dr. Menezes Vieira – 1892. Porto Alegre: Redes Editora, 2011.

BURKE, P. O que é história do conhecimento? São Paulo: Editora da UNESP, 2016.

CAMARA, A. Saberes geométricos na educação primária paranaense: elementos das culturas escolares e da formação do cidadão republicano (1889-1946). Tese (Doutorado) - Pontifícia Universidade Católica do Paraná. Curitiba, 2019.

CHAMON, C. S. Maria Guilhermina Loureiro de Andrade: a trajetória profissional de uma educadora. Tese (Doutorado) - Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2005.

CONCEIÇÃO, G. L. Experts em Educação: circulação e sistematização de saberes geométricos para formação de professores (Rio de Janeiro, final do século XIX). Tese (Doutorado) - Universidade Federal de São Paulo, Guarulhos, 2019.

D’ESQUIVEL, M. O. A obra Primeiras Noções de Geometria Prática de Olavo Freire: a mão do autor e mente do editor. Revista Educação Matemática em Foco, Paraíba, v. 7, n. 1, p. 1-22, 2018.

FONSECA, S. M. Formação para o trabalho manual no Brasil colônia. 2010, 170f. Tese (Doutorado) - Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2010.

FRIZZARINI, C. R. B. Saberes matemáticos na matéria trabalhos manuais: processos de escolarização do fazer, São Paulo e Rio de Janeiro (1890-1960). Tese (Doutorado) - Universidade Federal de São Paulo, Guarulhos, 2018.

FRIZZARINI, C. R. B.; LEME DA SILVA, M. C. As práticas do Trabalho Manual e da Geometria no curso primário do Distrito Federal: representações do final do século XIX. HISTEMAT - Revista de História da Educação Matemática, ano 4, n.3, p. 06-18, 2018.

FROEBEL, F. W. A. A educação do homem. Tradução de Maria Helena Câmara Bastos. Passo Fundo: UPF, 2001.

LEME DA SILVA, M. C.; VALENTE, W. R. (org.). A geometria nos primeiros anos escolares: história e perspectivas atuais. Campinas, SP: Papirus, 2014.

MARTINS-SALANDIM, M. E. Escolas técnicas agrícolas e educação matemática: histórias, práticas e marginalidade. Dissertação (Mestrado) - Instituto de Geociências e Ciências Exatas,Universidade Estadual Paulista. Rio Claro, 2007.

MATASCI, D. L’école républicaine et l’étranger. Une historie internacionale des réformes scolaires en France 1870-1914. Lyon: Ens Éditions, 2015. DOI: https://doi.org/10.4000/books.enseditions.3851.

MIGNOT, A. C. V.; GONDRA, J. G. (org.). Viagens pedagógicas. São Paulo: Cortez, 2007.

MORAIS, R. S. Intellectual? No, expert. Revista Acta Scientiae, v. 21, p. 3-12, 2019.

OLIVEIRA, M. A. M. de. Instituições e práticas escolares como representações de modernidade em Pelotas (1910 – 1930): imagens e imprensa. 2012. 403 f. Tese (Doutorado) - Universidade Federal de Pelotas, Pelotas, 2012.

SANTOS, T. M. P. dos. Os trabalhos manuais no Annuario do Ensino do Estado de São Paulo e na Revista de Ensino da Associação Beneficente do Professorado Público de São Paulo: (1902-1920). 2012. 64f. Dissertação (Mestrado) - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2012.

SILVA, C. M. S. da; LEME DA SILVA, M. C. Observação e experiência como fio condutor da Geometria de Heitor Lyra da Silva. Zetetike, Campinas, SP, n. 27, 2019. DOI: https://doi.org/10.20396/zet.v27i0.8654092.

SOUZA, R. F. História da organização do trabalho escolar e do currículo no Século XX: (ensino primário e secundário no Brasil). São Paulo: Cortez, 2008.

VALENTE, W. R. A pesquisa sobre história do saber profissional do professor que ensina matemática: interrogações metodológicas. Revista Paradigma(Maracay), v. XLI, p. 900-911, 2020.

VALENTE, W. R. Saber objetivado e formação de professores: reflexões pedagógico-epistemológicas. Revista História da Educação, v. 23, p. 1-22, 2019. DOI: https://doi.org/10.1590/2236-3459/77747.

Fontes

COSTA, A. F. Relatório trimestral da professora Amélia F. Costa. Revista Pedagogica, Tomo II, p. 105-147, 1891.

FONSECA, C. da. A escola ativa e os trabalhos manuais. Biblioteca de Educação. São Paulo: Melhoramentos, 1929.

FRAZÃO, M. J. P. O ensino público primário na Itália, Suíça, Suécia, bélgica, Inglaterra e França. Rio de Janeiro: Gazeta de Notícias, 1893.

FREIRE, O. Primeiras noções de Geometria Prática. 8. ed. Rio de janeiro: Francisco Alves & Cia, s/d.

PENNA, M. Trabalhos manuais escolares. Belo Horizonte: Imprensa Oficial, 1934.

PROGRAMA de matemática. Edição Preliminar. Departamento de Educação do Distrito Federal, Série C, n. 2. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1934. Disponível em: . Acesso em: 20 de maio de 2020.

PROGRAMA detalhado de trabalhos manuais para as primeiras classes das escolas de 1º grao. Revista Pedagogica. Publicação Mensal do Pedagogium. Rio de Janeiro: Livraria Clássica de Alves e Cia, 1891, tomo III, n. 13. Disponível em: . Acesso em: 20 de maio de 2020.

REIS, L. A. O ensino publico primário em Portugal, Espanha, França e Bélgica. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1892.

RIO DE JANEIRO. Decreto n. 981 de 08 de novembro de 1890. Aprova o Regulamento da Instrução Primária e Secundária do Distrito Federal. Rio de Janeiro, 1890. Disponível em: . Acesso em: 20 de maio de 2020.

RIO DE JANEIRO. Programa de Ensino para as Escolas Primárias Diurnas. Distrito Federal, Rio de Janeiro, 1923. Disponível em: . Acesso em: 20 de maio de 2020.

SILVA, H. L. da. Geometria (Observação e Experiência). Rio de Janeiro: Livraria Editora Leite Ribeiro, 1923.

VASCONCELLOS JUNIOR, E. B. Trabalho manual – cartonagem escolar. Rio de Janeiro: Alves e Cia., 1897.