“Eu comecei a dar uma aula mais biológica mesmo, porque é bem polêmico”: currículo de Ciências e Biologia e os atravessamentos de diversidade sexual e de gênero

Conteúdo do artigo principal

Roney Polato de Castro
Neilton dos Reis

Resumo

O artigo se propõe a problematizar os atravessamentos entre educação em Ciências e Biologia e a abordagem das diversidades sexuais e de gêneros na escola. Tomamos como base as análises produzidas em uma pesquisa com professoras de Ciências e Biologia sobre gêneros não-binários. As análises inspiram-se nos estudos pós-críticos, que nos possibilitam lidar com as ciências, a educação, os gêneros e sexualidades como categorias históricas, sociais e culturais, constituídas nos jogos de poder e de linguagem. Sobretudo, direcionamos nosso olhar para currículos e conteúdos curriculares: tanto os forjados na cisheteronormatividade, que assumem narrativas científicas e ditas neutras, quanto os que desestabilizam conhecimentos e práticas normativas e anunciam outras relações, gêneros e sexualidades. Apostando no questionamento e na provocação, arriscamo-nos a ensaiar possibilidades para pensar as relações entre os currículos de ciências e biologia, as narrativas acerca dos gêneros e das sexualidades e a produção de experiências de estudantes e docentes.  


 

Downloads

Não há dados estatísticos.

Detalhes do artigo

Como Citar
Castro, R. P. de, & Reis, N. dos. (2019). “Eu comecei a dar uma aula mais biológica mesmo, porque é bem polêmico”: currículo de Ciências e Biologia e os atravessamentos de diversidade sexual e de gênero. Ensino Em Re-Vista, 26(1), 16–39. https://doi.org/10.14393/ER-v26n1a2019-1
Seção
Dossiê Educação em Ciências, relações de gênero e sexualidades: velhos conflitos

Referências

BASTOS, Felipe. “A diretora sabe que você está trabalhando isso na sala de aula?”: Diversidade sexual e ensino de ciências.2015. 180p. Dissertação (Mestrado em Educação). Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro.

BERNINI, Lorenzo. Macho e fêmea Deus os criou!? A sabotagem transmodernista do sistema binário sexual. Bagoas-Estudos gays: gêneros e sexualidades. Natal. v. 5, n. 06, 2012.

BRITZMAN, Deborah. Curiosidade, sexualidade e currículo. In: LOURO, Guacira Lopes (Org.).O corpo educado: pedagogias da sexualidade. Belo Horizonte: Autêntica, 2001.

BUTLER, Judith. Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade. 236p. Rio de Janeiro: Editora Record, 2003.

CASTRO, Roney Polato de. Experiência e constituição de sujeitos docentes: relações de gênero, sexualidades e formação em Pedagogia. 2014. 256f. Tese(Doutorado em Educação). Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora, MG.

COIMBRA, Ivanê. Educação contemporânea e currículo escolar: alguns desafios. Candombá. Salvador. v. 2, n. 2, p. 67–71, 2006.

COUTO, Mia. E se Obama fosse africano? : e outras interinvenções / Ensaios. São Paulo: Companhia das Letras. 2011.

DELEUZE, Gilles; PARNET, Claire. Diálogos.São Paulo: Editora Escuta, 1998.

FAUSTO-STERLING, Anne. Cuerpos sexuados: la política de género y laconstrucción de lasexualidad. Barcelona: Melusina,2006.

FOUCAULT, Michel. As palavras e as coisas. 8. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1999.

FURLANI, Jimena. Educação sexual: possibilidades didáticas. In: LOURO, Guacira L.; NECKEL, Jane F.; GOELLNER, Silvana V. (Orgs.). Corpo, gênero e sexualidade–um debate contemporáneo da educação. Petrópolis, RJ: Vozes, 2003.p. 66-81.

RADL-PHILIPP, Rita. Educación y socialización humana, identidades y nuevos roles de género femenino y masculino: el género a debate. Em Aberto. Brasília,v. 27, n. 92, p. 1-212, 2014.

VIANNA, Cláudia. O movimento LGBT e as políticas de educação de gênero e diversidade sexual: perdas, ganhos e desafios. Educação & Pesquisa.São Paulo. p. 1-16, 2015.

ZOURABICHVILI, François. Deleuze e a questão da literalidade. Educação e Sociedade, Campinas, vol. 26, n. 93, p. 1309-1321. 2005.