Desmatamento, violência e reterritorialização no Noroeste da Amazônia colombiana
DOI:
https://doi.org/10.14393/RCT153506Resumo
Desde o ano 2016, e especialmente após as negociações de paz entre o Estado colombiano e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia - FARC, neste país vem apresentando-se um aumento dramático do desmatamento concentrado principalmente no noroeste da sua região amazônica, onde as dinâmicas territoriais tem tido uma forte influência e controle por parte das FARC, configurando-se uma fronteira de colonização da Amazônia colombiana. Tal fenômeno tem produzido grande atenção e preocupação pública, tendo em vista suas implicações ambientais. Porém, não tem-se analisado suficientemente suas causas e consequências sociais, as quais, permitem compreender um conflito que, mais que ambiental é socioambiental, com raízes na história recente do conflito político armado desta nação, e diversos interesses no controle territorial, com evidentes conexões com os poderes políticos e econômicos, que tentam impor uma projeção e uma gestão particular do espaço e da sociedade, fazendo com que todo o fenômeno atinja uma dimensão territorial mais complexa. Levando em conta essa motivação analítica, este artigo tem por objetivo argumentar como esse processo de transformação responde a uma lógica de reterritorialização do espaço, que tenta estabelecer uma hegemonia para o articular as dinâmicas econômicas da nação, e por essa via, atingir seu controle político. Se propõe para isto, uma abordagem territorial e análise dos conflitos, enxergando-os como processos socioespaciais de natureza política, identificando para isso os principais atores e interesses, assim como as relações do território com outros âmbitos nacionais e internacionais.