A permanência da concentração no campo e o devir dos camponeses no Brasil

Autores/as

DOI:

https://doi.org/10.14393/RCT205978989

Palabras clave:

questão agrária, paradigma, desintegração do campesinato, modernização conservadora, concentração da terra

Resumen

Neste artigo, partimos do princípio de que a questão agrária ainda é um importante problema a ser enfrentado no Brasil, e que uma reforma agrária multidimensional, que faça mais do que apenas distribuir terras, é necessária para minimizar os problemas do campo brasileiro. A questão agrária constitui um conjunto de problemas no campo e cujos principais resultados são a diferenciação, o empobrecimento e a desintegração do campesinato. Por isso, o objetivo do artigo é analisar a permanência da concentração de terras e de recursos no campo e o futuro dos estabelecimentos agropecuários de pequeno porte econômico e/ou camponeses no Brasil. Para isso, dialogamos com autores que, em suas análises, consideram que o desaparecimento dos estabelecimentos de pequeno porte econômico e/ou camponeses é uma questão de tempo. Os procedimentos metodológicos empregados foram o debate teórico, a sistematização e análise detalhada de dados e o mapeamento dos principais dados para que fosse possível visualizar a dimensão regional dos temas analisados. A principal conclusão é que, se concretizadas as previsões dos autores sobre o desaparecimento dos estabelecimentos de pequeno porte econômico, presenciaremos um cenário catastrófico no campo brasileiro. Assim, em decorrência dessa constatação, a reforma agrária multidimensional mostra-se urgente para o campo no Brasil.

Descargas

Los datos de descarga aún no están disponibles.

Referencias

ABRAMOVAY, R. Paradigmas do capitalismo agrário em questão. São Paulo: Edusp, 2007.

ALVES, E.; ROCHA, D. de P. Ganhar tempo é possível? In: GASQUES, J. G; VIEIRA FILHO, J. E. R.; NAVARRO, Z. (org.). Agricultura brasileira: desempenho, desafios e perspectivas. Brasília: IPEA, 2010. p. 275-290.

BUAINAIN, A. M.; ALVES, E.; SILVEIRA, J. M. da.; NAVARRO, Z. Sete teses sobre o mundo rural brasileiro. In: BUAINAIN, A. M.; ALVES, E.; SILVEIRA, J. M. da.; NAVARRO, Z. (org.). O mundo rural no Brasil do século XXI: a formação de um novo padrão agrário e agrícola. Brasília: Embrapa, 2014. p. 1160-1182.

CAMPOS, J. F. de S. Leituras dos territórios paradigmáticos da Geografia Agrária: análise dos grupos de pesquisa do estado de São Paulo. 2012. Tese (Doutorado em Geografia) – Faculdade de Ciências e Tecnologia, Universidade Estadual Paulista, Presidente Prudente, 2012.

CEPEA – Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada. PIB do agronegócio brasileiro. Piracicaba: CEPEA, [2025]. Disponível em: https://www.cepea.org.br/br/pib-do-agronegocio-brasileiro.aspx . Acesso em: 24 fev. 2025.

CHAYANOV, A. V. La organización de la unidad económica campesina. Buenos Aires: Nueva Visión, 1974 [1925].

CHAYANOV, A. V. Sobre a teoria dos sistemas econômicos não capitalista. [1924]. In: SILVA, J. G. da.; STOLCKE, V. (org.). A Questão Agrária. São Paulo: Brasiliense, 1981 [1924].

DELGADO, G. C. Do “capital financeiro na agricultura” à economia do agronegócio: mudanças cíclicas em meio século (1965-2012). Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2012.

DEMO, P. Metodologia científica em ciências sociais. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2007.

ELLIS, F. Peasant economics: farm households and agrarian development. 2. ed. Cambridge: Cambridge University Press, 1993 [1988].

FELICIO, M. J. Contribuição ao debate paradigmático da Questão Agrária e do Capitalismo Agrário. 2011. Tese (Doutorado em Geografia) – Faculdade de Ciências e Tecnologia, Universidade Estadual Paulista, Presidente Prudente, 2011.

FERNANDES, B. M. Questão agrária: conflitualidade e desenvolvimento territorial. In: BUAINAIN, A. M. (org.). Luta pela terra, reforma agrária e gestão de conflitos no Brasil. Campinas: Unicamp, 2005.

GIRARDI, E. P. Proposição teórico-metodológica de uma Cartografia Geográfica Crítica e sua aplicação no desenvolvimento do Atlas da Questão Agrária Brasileira. 2008. Tese (Doutorado em Geografia) – Faculdade de Ciências e Tecnologia, Universidade Estadual Paulista, Presidente Prudente, 2008.

GIRARDI, E. P. Atlas da questão agrária brasileira. Presidente Prudente: NERA, [2025]. Disponível em: http://www.atlasbrasilagrario.com.br/ . Acesso em: 1 fev. 2025.

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. SIDRA – Censo Agropecuário 2017. Rio de Janeiro: IBGE, [2025]. Disponível em: https://sidra.ibge.gov.br/home/pimpfbr/brasil. Acesso em: 27 fev. 2025.

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Produto interno bruto – PIB. Rio de Janeiro: IBGE, [2025]. Disponível em: https://www.ibge.gov.br/explica/pib.php . Acesso em: 24 fev. 2025.

IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. Ipeadata. Brasília: IPEA, [2025]. Disponível em: https://www.ipeadata.gov.br/Default.aspx . Acesso em: 24 fev. 2025.

KAUTSKY, K. A questão agrária. São Paulo: Nova Cultural, 1986 [1899].

KUHN, T. S. A estrutura das revoluções científicas. 5. ed. São Paulo: Perspectiva, 1998.

LAMARCHE, H. (coord.). Agricultura familiar: comparação internacional. Uma realidade multiforme. Volume I. Campinas: Editora da Unicamp, 1993a.

LAMARCHE, H. (coord.). Agricultura familiar: comparação internacional. Do mito à realidade. Volume II. Campinas: Editora da Unicamp, 1993b.

LÊNIN, V. I. O desenvolvimento do capitalismo na Rússia: o processo de formação do mercado interno para a grande indústria. São Paulo: Nova Cultural, 1985 [1899].

MA - Ministério da Agricultura e do Abastecimento. Plano agrícola – safra 2000-2001. Brasília: MA/SPA, 2000.

MAPA – Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Plano agrícola e pecuário – 2010-2011. Brasília: MAPA/SPA, 2010.

MAPA – Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Plano safra 2020/2021: o florescer de uma nova colheita. Brasília: Mapa, 2020.

MAPA – Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Plano safra 2022-2023. Brasília: MAPA, 2022.

MARTINS, J. de S. Capitalismo e tradicionalismo: estudos sobre as contradições da sociedade agrária no Brasil. São Paulo: Pioneira, 1975.

MENDRAS, H. La fin des paysans. Babel/Actes Sud: Avignon/Saint-Armand-Montrond, 1984 [1967].

PIRES, M. J. de S.; RAMOS, P. O termo modernização conservadora: sua origem e utilização no Brasil. Revista Econômica do Nordeste, v. 40, n. 3, p. 411-424, 2009. DOI: https://doi.org/10.61673/ren.2009.367

POMPEIA, C. Formação política do agronegócio. São Paulo: Elefante, 2021.

SANTOS, A. B. dos; GONÇALVES, B. F.; GOMES, C. M. P.; VICENTE, J. S.; BARROS JUNIOR, O. A.; LEITE, S. P.; WESZ JUNIOR, V. J. Financeirização da agricultura e da terra no Brasil: dinâmicas em curso e disputas em jogo. Rio de Janeiro: Fundação Heirich Böll, 2022.

SILVA, J. G. da. A modernização dolorosa: estrutura agrária, fronteira agrícola e trabalhadores rurais no Brasil. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1982.

VINHA, J. F. de S. C.; FERNANDES, B. M. Paradigmas da geografia agrária brasileira: temas, tendências e perspectivas. Jundiaí: Paco Editorial, 2022.

Publicado

2025-09-05

Número

Sección

Artigos

Cómo citar

GIRARDI, Eduardo Paulon. A permanência da concentração no campo e o devir dos camponeses no Brasil. Revista Campo-Território, Uberlândia, v. 20, n. 59, p. 117–145, 2025. DOI: 10.14393/RCT205978989. Disponível em: https://seer.ufu.br/index.php/campoterritorio/article/view/78989. Acesso em: 5 dec. 2025.