Do desenvolvimento ao não envolvimento
dinâmicas de vida e resistência no mundo rural Norte Mineiro, o caso da Comunidade do Touro
DOI:
https://doi.org/10.14393/RCT153605Resumo
Este artigo objetivou compreender as dinâmicas que envolvem os incentivos a monocultura algodoeira enquanto política de “desenvolvimento” e os processos migratórios e de resistência, a partir da pesquisa na Comunidade do Touro, em Serranópolis de Minas. Propomos uma reflexão através dos resultados de pesquisa desta autora, em sua dissertação “A PRECISÃO FAZ IR LONGE”: Migração e Des-envolvimento em Comunidade Rural do Sertão Norte Mineiro. Analisamos as representações sobre o mundo rural Norte Mineiro, descrevendo-o como um lugar de diversidades, questionando as políticas públicas desenvolvimentistas que instauraram visões e ações unificadoras, provocando crítica a categoria de desenvolvimento. Dentro desta conjuntura descrevemos as trajetórias dos migrantes do Touro, que vivenciaram a promessa de progresso com a chegada da monocultura de algodão. Realizamos pesquisa bibliografia e de campo, com ênfase na metodologia qualitativa, através de entrevistas em profundidade, observação do cotidiano e fotografias das pessoas e do lugar, privilegiando a vivência e percepções dos moradores. Há no Norte de Minas uma construção discursiva e dentro deste processo a saída do lugar é apontada como alternativa para a melhoria de vida, ou a única forma de viver. Percebemos, no entanto, que as políticas que visavam o desenvolvimento e superação dos ditos entraves ao progresso, se tornaram ineficazes e desagregadoras, sem contemplar a diversidade e pluralidade dos povos rurais. Tivemos como resultado o estímulo aos deslocamentos populacionais, onde as migrações demonstraram ser uma das formas de resistir a expropriação e continuar a luta pelo território.