Resumo
A perda de solos depende de fatores naturais e antrópicos com elevada variabilidade espacial e temporal que podem ser inferidos por modelos de predição como a Equação Universal de Perda de Solos Revisada (EUPS-M). Nesse sentido, o objetivo deste trabalho é analisar a distribuição e a variação espaço-temporais das perdas de solo no estado de Goiás para os anos de 1985, 2000 e 2018, a partir da aplicação da EUPS-M, tendo a bacia hidrográfica como unidade de análise multiescalar. Os resultados demonstram que, em geral, há o aumento na perda média de solos no estado entre os anos observados, sendo que, em 1985 a média foi 2,4 ton.ha-1.ano-1, crescendo para 10,8 ton.ha-1.ano-1 no ano de 2000 e 11,56 ton.ha-1.ano-1 em 2018. As regiões hidrográficas do Tocantins e do Paraná são as que apresentam maiores perdas. Para além do controle geral da expansão da conversão dos Cerrados, o estado de Goiás apresenta dois padrões espaciais de perda de solos, um no qual predomina o controle dos fatores naturais, ligados aos aspectos morfogenéticos com forte influência do fator topográfico e o outro da erosividade das chuvas, espacializadas em áreas como o “front” da cuesta Caiapó, a Serra Dourada e a Serra dos Pireneus. Esses dois fatores, quando associados definem áreas sensíveis, com as maiores perdas de solo do estado de Goiás.
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