Percepção de agricultores familiares sobre os impactos socioambientais causados pelo Porto do Açu em São João da Barra-RJ
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Palavras-chave

Agricultura familiar
Aspectos socioambientais
Conflitos costeiros
Impactos portuários

Como Citar

PONTES DA SILVA JÚNIOR, J. L.; PEDLOWSKI, M. A. Percepção de agricultores familiares sobre os impactos socioambientais causados pelo Porto do Açu em São João da Barra-RJ . Sociedade & Natureza, [S. l.], v. 34, n. 1, 2022. DOI: 10.14393/SN-v34-2022-63123. Disponível em: https://seer.ufu.br/index.php/sociedadenatureza/article/view/63123. Acesso em: 25 ago. 2024.

Resumo

A partir de 2007, um dos maiores empreendimentos portuários do estado do Rio de Janeiro, o Porto do Açu, foi implantado no 50 Distrito do município de São João da Barra. Para a construção de suas megaestruturas, extensas áreas de restinga foram suprimidas e um amplo processo de desapropriação de terras pertencentes a agricultores familiares foi conduzido pelo governo fluminense. O objetivo deste trabalho é verificar a percepção dos agricultores familiares que habitam o entorno do território para entender suas inter-relações com o meio ambiente onde o Porto do Açu foi instalado, antes e após a chegada deste empreendimento. A partir de uma amostra aleatória de agricultores, a coleta de dados foi realizada com um questionário semiestruturado que foi construído para identificar as interferências positivas e negativas do Porto do Açu no 50 Distrito e nos sistemas agrícolas familiares que existiam em seu interior. Duas localidades foram escolhidas para a composição da amostra: Água Preta e Mato Escuro. A aplicação dos questionários ocorreu entre Maio e Agosto de 2019 com um total de 105 agricultores (65 em Água Preta e 40 em Mato Escuro). Os resultados mostraram que os agricultores consideram que o Porto do Açu interferiu diretamente na sua sustentabilidade social, econômica e ambiental. Os principais impactos ambientais e econômicos elencados pelos agricultores foram: a salinização das águas utilizadas para irrigação de suas plantações e o processo de desapropriação de suas terras. Os resultados obtidos mostram que, além de afetar a dinâmica dos ecossistemas costeiros são-joanenses, dentre eles, restinga e lagoas, o modelo de desenvolvimento econômico adotado pelo Porto do Açu alterou a qualidade de vida destes agricultores e interferiu nas suas áreas agrícolas, afetando diretamente a sua reprodução social. 

https://doi.org/10.14393/SN-v34-2022-63123
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