Pode uma formiga sentir desejo de morar em outro formigueiro?
reflexões sobre a escuta docente por meio das perguntas-crianças de uma escola do/no camp
DOI:
https://doi.org/10.14393/REP-2024-73988Palavras-chave:
Educação do/no campo, Interculturalidade, Perguntas-criança, Infâncias campesinas, Escuta docenteResumo
Entendemos que a escuta docente em relação às perguntas das crianças pode deslocar, rasurar e possibilitar a reflexão sobre a prática e os encaminhamentos pedagógicos. O objetivo do presente trabalho consiste em analisar as potencialidades de um ensino que promova a abertura no campo do pensamento-outro a partir das narrativas apresentadas por crianças do campo que vivem na/da ilha. Esta pesquisa qualitativa traz o recorte das experiências vivenciadas em uma sala multisseriada, compreendendo os educandos da Educação Infantil e Ensino Fundamental I, em uma escola localizada na Ilha Rasa, Guaraqueçaba, litoral do Paraná. Utilizamos como instrumento metodológico as narrativas, e a análise envolveu elementos da interculturalidade. Os resultados apontam para três perguntas formuladas pelas crianças que mobilizaram reflexões e impactaram a prática docente, demonstrando o desejo de saírem do campo e migraram para as cidades, com vistas a obter um lugar de “prosperidade”, “melhoria” e “progresso”. Encontramos nas perguntas uma potência e possibilidade de promover a escuta docente como um instrumento para ensinar e socializar os conhecimentos em sala de aula. Compreendemos que este estudo é um importante caminho para propor reflexões e novas direções para as infâncias que estão inseridas em uma Educação do/no Campo.
Downloads
Referências
ARROYO, M. G.; CALDART, R. S.; MOLINA, M. C. Por uma educação do campo. 3. ed. Petrópolis: Vozes, 2008.
ARROYO, M. Os movimentos sociais e a construção de outros currículos. Educar em Revista, Curitiba, n. 55, p. 47-68, jan./mar. 2015. DOI 10.1590/0101-4360.39832. Disponível em: http://educa.fcc.org.br/pdf/er/n55/0101-4358-er-55-00047.pdf. Acesso em: 24 maio 2024.
BEM, G. M.; SILVA, C. N. M. Algumas reflexões de infância no e do campo. Revista Eletrônica Pesquisa em Educação, Santos, v. 12, n. 28, p. 718-730, set./dez. 2020. DOI 10.58422/repesq.2020.e1009. Disponível em: https://periodicos.unisantos.br/pesquiseduca/article/view/1009/876. Acesso em: 24 maio 2024.
CALDART, R. S. Licenciatura em Educação do Campo e projeto formativo: qual o lugar da docência por área? In: MOLINA, M. (org.). Licenciaturas em educação do campo: registros e reflexões a partir das experiências-piloto. Belo Horizonte: Autêntica, 2011. (Coleção Caminhos da Educação do Campo; 5). p. 95-121.
CALDART, R. S. Educação do campo: notas para uma análise de percurso. Trabalho Educação e Saúde, Rio de Janeiro, v. 7, n.1, p. 35-64, 2009. DOI 10.1590/S1981-77462009000100003. Disponível em: https://www.scielo.br/j/tes/a/z6LjzpG6H8ghXxbGtMsYG3f/abstract/?lang=pt. Acesso em: 20 dez. 2024.
CANDAU, V. M. V. Cotidiano escolar e práticas interculturais. Cadernos de Pesquisa, São Paulo, v. 46, n. 16, p. 1-19, 2016. DOI 10.1590/198053143455. Disponível em: https://www.scielo.br/j/cp/a/GKr96xZ95tpC6shxGzhRDrG/. Acesso em: 28 maio 2024.
CAVALCANTE, L. O. H. Das políticas ao cotidiano: entraves e possibilidades para a educação do campo alcançar as escolas no rural. Ensaio: Avaliação e Políticas Públicas em Educação, Rio de Janeiro, v. 18, n. 68, p. 550-564, jul./set. 2010. DOI 10.1590/S0104-40362010000300008. Disponível em: https://www.scielo.br/j/ensaio/a/V9JfBjNprzwjLbG3KFQryBG/?format=pdf&lang=pt. Acesso em: 24 maio 2024.
CAVALLEIRO, E. S. Do silêncio do lar ao silêncio escolar: racismo, preconceito e discriminação na educação infantil. 6. ed. São Paulo: Contexto, 2010.
CHAVES, R. S. L.; OLIVEIRA, W. T. “O Jefferson falou que o meu cabelo é feio, é ruim”: cabelo crespo e empoderamento de meninas negras na creche. Zero-a-Seis, Florianópolis, v. 9, n. 36, p. 170-192, jan./jun. 2018. DOI 10.5007/1980-4512.2018v20n37p170. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/zeroseis/article/view/1980-4512.2018v20n37p170/36719. Acesso em: 24 maio 2024.
CORSARO, W. Sociologia da infância. Porto Alegre: Artmed, 2011.
CRUZ, R. A.; BATISTA, E. E. K. Onde está o problema em ser um sujeito do campo? In: SEMINÁRIO NACIONAL DO GRUPO DE ESTUDOS E PESQUISA SOBRE EDUCAÇÃO DO CAMPO, 13., 2013, São Carlos. Anais [...]. São Carlos: UFSCar, 2013. p. 1-11.
CRUZ, Y. L. R.; COVER, M; SILVA, C. Morar no campo e estudar na cidade: a realidade de crianças e jovens de uma comunidade do Norte do Tocantins, Brasil. Revista Brasileira de Educação do Campo, Araguaína, v. 6, n. 1, p. 1-28, 2021. DOI 10.20873/uft.rbec.e11260. Disponível em: https://sistemas.uft.edu.br/periodicos/index.php/campo/article/view/11260. Acesso em: 24 maio 2024.
DALMASO, A. C.; OLIVEIRA, M. O.; CORRÊA, G. C. Pergunta-criança: uma estratégia de aprender (e ensinar) ciências. Tempos e Espaços em Educação, São Cristóvão, v. 11, n. 25, p. 215-228, abr./jun. 2018. DOI 10.20952/revtee.v11i25.6921. Disponível em: https://dialnet.unirioja.es/servlet/articulo?codigo=8287841. Acesso em: 24 maio 2024.
DANTAS, S. D. (org.). Diálogos interculturais: reflexões interdisciplinares e intervenções psicossociais. São Paulo: Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo, 2012.
DUTRA, E. A narrativa como uma técnica de pesquisa fenomenológica. Estudos de Psicologia, Campinas, v. 7, n. 2, p. 371-378, jul. 2002. DOI 10.1590/S1413-294X2002000200018. Disponível em: https://www.scielo.br/j/epsic/a/vc3HmxqcjLnrQpFpLwskhzm/?format=pdf&lang=pt. Acesso em: 24 maio 2024.
FERNANDES, B. M. Diretrizes de uma caminhada. In: ARROYO, M. G.; CALDART, R. S.; MOLINA, M. C. (org.). Por uma educação do campo. Petrópolis: Vozes, 2011. p. 61-70.
FREIRE, P. Pedagogia da esperança: um reencontro com a pedagogia do oprimido. 17. ed. São Paulo: Paz & Terra, 2011.
JOVCHELOVITCH, S.; BAUER, M. W. Entrevista narrativa. In: BAUER, M. W.; GASKELL, G. Pesquisa qualitativa com texto, imagem e som: um manual prático. Petrópolis: Vozes, 2002.
KOHAN, W.; CARVALHO, M. C. Há docentes à escuta? O devir-pergunta de uma criança que ensina a ensinar. Educar, Curitiba, v. 40, n. 1, p. 1-13, 2024. DOI 10.1590/1984-0411.86627. Disponível em: https://www.scielo.br/j/er/a/Kyqqh8BrV445ShHh6ng95zL/?format=pdf&lang=pt. Acesso em: 24 maio 2024.
KRAMER, S. Infância e pesquisa: opções teóricas e interações com políticas e práticas. In: KRAMER, S.; ROCHA, E. A. C. (org.). Educação infantil: enfoques em diálogo. Campinas: Papirus, 2011. p. 385-395.
MELO, A.; RIBEIRO, D. Interculturalidade e educação infantil: reflexões sobre diferenças culturais na infância. Conjectura: Filosofia e Educação, Caxias do Sul, v. 24, n. 1, p. 1 – 17, 2018. DOI 10.18226/21784612.v24.e019039. Disponível em: http://educa.fcc.org.br/pdf/conjectura/v24/2178-4612-conjectura-24-e019039.pdf. Acesso em: 24 maio 2024.
RIBEIRO, D.; DOMINICO, E. “Vamos brincar de índio?”: análise decolonial do dia do índio na educação infantil. São Paulo: Dialogar, 2018.
RIZZO, G. Creche: organização, currículo, montagem e funcionamento. 3. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2003.
ROCHA, M. I. A. Prefácio. In: SILVA, I. O.; SILVA, A. P. S.; MARTINS, A. A. (org.). Infâncias do campo. Autêntica: Belo Horizonte, 2013. p. 9-11.
SANTIAGO, M. C.; AKKARI, A.; MARQUES, L. P. Educação intercultural: desafios e possibilidades. Petrópolis: Vozes, 2013.
SANTIAGO, M.; AKKARI A. Políticas curriculares, trajetórias docentes e ensino culturalmente apropriado. Revista da Associação Brasileira de Pesquisadores/as Negros/as, Curitiba, v. 6, n. 13, p. 386-402, mar./jun. 2014. Disponível em: https://abpnrevista.org.br/site/article/view/168/165. Acesso em: 24 maio 2024.
SANTOS, B. S. Descolonizar el saber, reinventar el poder. Montevideo: Ediciones Trilce, 2010.
SARMENTO, M. J. Culturas infantis e interculturalidade. In: DORNELLES, L. V. (org.). Produzindo pedagogias interculturais na infância. Petrópolis: Vozes, 2007. p. 19-40.
SAVIAN, M. Sucessão geracional: garantindo-se renda continuaremos a ter agricultura familiar? Espaço Acadêmico, Maringá, v. 14, n. 159, p. 97-106, 2014.
TRINIDAD, C. T. Identificação étnico-racial na voz de crianças em espaços de educação infantil. 2011. Tese (Doutorado em Educação) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2011. Disponível em: https://tede2.pucsp.br/handle/handle/15994. Acesso em: 24 maio 2024.
WALSH, C. (De)construir la interculturalidad: consideraciones críticas desde la política, la colonialidad y los movimientos indígenas y negros en el Ecuador. 2012. Disponível em: https://aulaintercultural.org/2001/11/02/deconstruir-la-interculturalidad-consideraciones-criticas-desde-la-politica-y-los-movimientos-indigenas-y-negros-en-el-ecuador/. Acesso em: 28 maio 2024.
WALSH, C. Interculturalidad y colonialidad del poder: un pensamiento y posicionamiento “otro” desde la diferencia colonial. In: CASTRO-GÓMEZ, S.; GROSFOGUEL, R. (org.). El giro decolonial: reflexiones para una diversidade epistémica mas allá del capitalismo global. Bogotá: Siglo del Hombre Editores, 2007. p. 47-63.
WALSH, C. Interculturalidade e decolonialidade do poder um pensamento e posicionamento “outro” a partir da diferença colonial. Revista da Faculdade de Direito de Pelotas, Pelotas, v. 5, n. 1, p. 6-39, jan./jul. 2019. DOI 10.15210/rfdp.v5i1.15002. Disponível em: https://periodicos.ufpel.edu.br/index.php/revistadireito/article/view/15002. Acesso em: 24 maio 2024.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 Bruna Garcia, Mayki Jardim Sivico, Camila de Paiva, Leonir Lorenzetti

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam em manter os direitos autorais e conceder à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional.