O campo biopolítico: sobre o liame entre a vida e a política em Giorgio Agamben
DOI:
https://doi.org/10.14393/REPRIM-v4n7a2019-51886Palavras-chave:
Biopolítica, Campo de Concentração, Modernidade, ZoéResumo
Sob a perspectiva de Giorgio Agamben, no escopo das reflexões acerca da política moderna encontra-se o entrelaçamento entre a política e a vida nua. O pensador destaca que esse período histórico traz à tona a configuração política da vida biológica, a qual reporta ao fato de o poder político incidir sobre a zoé. Nesse contexto, Agamben analisa a formação dos Estados totalitários e a construção do campo de concentração. Com efeito, a preponderância da vida biológica nos Estados totalitários do século XX, representa a tomada da zoé como critério político e desígnio das decisões soberanas. O que está em questão é o entendimento de que na modernidade, o vínculo entre a esfera da vida natural e o novo sentido da política corroborou para o desenvolvimento dos campos de concentração. Considerando o pensamento político agambeniano, o presente artigo objetiva apresentar uma reflexão no que tange ao cerne do conflito político moderno, a saber, a vida nua e o significado do campo de concentração.
Palavras-chave: Biopolítica; Campo de Concentração; Modernidade; Zoé.
The biopolitical camp: about the link between life and politics in Giorgio Agamben
Abstract: According to the perspective of the Giorgio Agamben, in the scope of reflections on modern politics is the intertwining between politics and bare life. The thinker emphasizes that this historic period brings to light the political configuration of biological life, that is, the fact that political power reflects on the zoé. In this context, Agamben analyzes the formation of totalitarian states and the construction of concentration camps. Indeed, the preponderance of biological life in totalitarian states of the twentieth-century represents the adoption of zoé as politic criterion and purpose of sovereign decisions. What is at issue is the understanding that in modern times the link between the sphere of natural life and the new political meaning collaborated for the development of concentration camps. Considering the Agamben's political thought, the objective of this article is to present a reflection as regards the kernel of modern political conflict, that is, the bare life and the meaning of concentration camp.
Keywords: Biopolitics; Concentration Camps; Modernity; Zoé.
Data de registro: 05/12/2019
Data de aceite: 06/04/2020
Downloads
Referências
AGAMBEN, Giorgio. Estado de exceção. Trad. Iraci D. Poleti. São Paulo: Boitempo, 2004.
AGAMBEN, Giorgio. Homo Sacer: o poder soberano e a vida nua. Trad. Henrique Burigo. 2. ed. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2010.
AGAMBEN, Giorgio. Meios sem fim: notas sobre a política. Trad. Davi Pessoa Carneiro. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2015.
AGAMBEN, Giorgio. O que resta de Auschwitz: o arquivo e a testemunha. Trad. Selvino J. Assmann. São Paulo: Boitempo, 2008.
ARENDT, Hannah. Entre o passado e o futuro. Trad. Mauro W. Barbosa. São Paulo: Perspectiva, 2014.
ARENDT, Hannah. Origens do totalitarismo. Trad. Roberto Raposo. São Paulo: Companhia das Letras, 1989.
ARISTÓTELES. Política. Trad. António Campelo Amaral e Carlos de Carvalho Gomes. Portugal: Vegas, 1998.
BOBBIO, Norberto; MATTEUCCI, Nicola; PASQUINO Gianfranco. Dicionário de política I. Trad. Carmen C. Varriale et al. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1998.
FOSCHIERA, Rogério. Exceção e autenticidade: um encontro possível entre Giorgio Agamben e Charles Taylor. In: CARVALHO, Marcelo et al. Ética e Filosofia Política. Coleção XVI Encontro ANPOF. São Paulo: ANPOF, 2015. p. 211-235.
FOUCAULT, Michel. Em defesa da sociedade: curso no Collège de France (1975-1976). Trad. Maria Ermantina Galvão. São Paulo: Martins Fontes, 2002.
FOUCAULT, Michel. História da sexualidade I: a vontade de saber. Trad. Maria Thereza da Costa Albuquerque e J. A. Guilhon Albuquerque. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1988.
MACHADO, Roberto. Por uma Genealogia do Poder. In: FOUCAULT, Michel. Microfísica do poder. 25. ed. São Paulo: Graal, 2012.
MILLS, Catherine. Biopolitics. New York: Routledge, 2018. DOI: https://doi.org/10.4324/9780203732588.
NASCIMENTO, Daniel Arruda. A exceção colonial brasileira: o campo biopolítico e a senzala. Cadernos de Ética e Filosofia Política, v. 1, n. 28, p 1-17, 2016.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2020 Ana Lúcia Feliciano

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.