Da Arte de Silabar aos modernos silabários da Língua Portuguesa: a persistência da língua ensinada

Conteúdo do artigo principal

Justino Magalhães

Resumo

A linguagem progride e torna-se mais complexa em conformidade com o desenvolvimento dos indivíduos, das sociedades, da humanidade. A partir de final da Idade Média, as línguas vernáculas formalizaram gramáticas para uniformização, normalização e ensino da linguagem falada e escrita. Os silabários passaram a constituir um meio fundamental para o ensino das línguas às crianças, mas também a adultos. Neste texto, esboça-se um olhar comparativo e de longa duração sobre o ensino da Língua Portuguesa, cujo primeiro silabário, A Arte de Silabar, foi criado por João de Barros, em meados do século XVI, e o das línguas francesa, inglesa, castelhana. Procurar-se-á compreender e justificar, nos planos pedagógico e psicolinguístico, a longa-duração e a persistência dos silabários nas línguas ensinadas. Modalidade de pequeno livro didáctico que tem perdurado ora como verbete autónomo, ora integrado em compêndios compósitos de leitura e escrita, mais recentemente, o silabário constitui também jogo de linguagem facultado através de suportes digitais.

Detalhes do artigo

Seção

Dossiê - Silabários para o ensino da leitura e da escrita no aqui e no além-mar (Séculos XVI-XX)

Biografia do Autor

Como Citar

Magalhães, J. (2025). Da Arte de Silabar aos modernos silabários da Língua Portuguesa: a persistência da língua ensinada. Cadernos De História Da Educação, 24(Contínua), e2025-20. https://doi.org/10.14393/che-v24-e2025-20

Referências

BELLENGER, Lionel. Les Méthodes de Lecture (2éme éd.). Paris: Presses Universitaires de France, 1980.

BUESCU, Maria Leonor. Babel ou a Ruptura do Signo. A Gramática e os Gramáticos Portugueses do Século XVI. Lisboa: Imprensa Nacional – Casa da Moeda, 1984.

CASTILHO, António Feliciano de. Methodo Portuguez-Castilho para o Ensino Rápido e Aprasível do Ler, Escrever e Bem Falar (5.ª edição portuguesa). Lisboa: Empreza da História de Portugal, Sociedade editora, 1908.

CHARTIER, Anne-Marie. L’École et la Lecture Obligatoire. Histoire et Paradoxes des Pratiques d’Enseignement de la Lecture. Paris: Éditions Retz, 2007.

CHETAIL, Fabienne; Mathey, Stéphanie. Rôle de la syllabe dans l’apprentissage de la lecture: études en fonction du niveau de lecture. A.N.A.E., 107-108, 119-124, 2010. Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/244988331_Role_de_la_syllabe_dans_l'apprentissage_de_la_lecture_Etude_en_fonction_du_niveau_de_lecture. Acesso em: 11 out. 2024.

FARIA, Maria Isabel; PERICÃO, Maria da Graça. Dicionário do Livro. Da Escrita ao Livro Electrónico. Coimbra: Edições Almedina, 2008.

FIGUEIREDO, Manuel de Andrade de. Nova Escola para Aprender a Ler, Escrever, e Contar. Offerecida à Augusta Magestade do Senhor Dom João V. Lisboa Occidental: Officina de Bernardo da Costa de Carvalho, 1719/1722. [Edição Fac-Simile, Lisboa: Livraria Sam Carlos, 1973].

GRAY, William Scott. The Teaching of Reading and Writing: An International Survey. UNESCO. UNESCODOC, Digital Library, 1969. Disponível em: https://unesdoc.unesco.org/ark:/48223/pf0000002929. Acesso em: 11 out. 2024.

INTERNATIONAL READING ASSOCIATION. Diccionario de Lectura y Términos Afines. Madrid: Fundación Germán Sánchez Ruipérez/ Ediciones Pirámide, 1985.

MAGALHÃES, Justino. Ler e Escrever no Mundo Rural do Antigo Regime. Um Contributo para a História da Alfabetização e da Escolarização em Portugal. Braga: Universidade do Minho/ Instituo de Educação, 1994.

MAGALHÃES, Justino. La Méthode Maternelle ou Art de lire de João de Deus (1876): Inventions typographiques et alphabétisation populaire au Portugal. Histoire de l'Education, n.138, 115-130, mai-août/2013. DOI: https://doi.org/10.4000/histoire-education.2663

PINTO, Luís Álvares. Diccionario pueril para uso dos meninos, ou dos que principião o ABC, e a soletrar dicções. Lisboa: Offic. Patr. de Francisco Luiz Ameno, 1784.

SANTIAGO PALOMARES, D. Francisco Xavier de (1786). El Maestro de Leer. Conversaciones Ortológicas y Nuevas Cartillas para la verdadera uniforme enseñanza de las Primeras Letras. Primera Parte. Madrid: Don Antonio de Sancha. Disponível em: https://www.euskariana.euskadi.eus/euskadibib/es/media/group/1113376.do. Acesso em: 17 set. 2024.

WEBSTER, Noah. The American Spelling Book: containing an easy Standard of Pronunciation, being the First Part of a Grammatical Institute of the English Language. Second Edition. Boston: Isaiah Thomas and Ebenezer T. Andrews, 1790. Disponível em: https://www.loc.gov/resource/rbc0001.2015juv12477/?sp=11&st=image&r=-0.375,0.551,1.95,0.776,0. Acesso em: 11 out. 2024.

WEBSTER, Noah. An American Dictionary of the English Language. 2v. New York: S. Converse, 1828. Disponível em: https://archive.org/details/americandictiona01websrich/page/2/mode/2up. Acesso em: 13 set. 2024.

WEBSTER, Noah. A Dictionary of the English Language. Revised and enlarged by Chauncy A. Goodrich. London: David Bogne, 86 Fleet Street, 1852. Disponível em: https://bdh-rd.bne.es/viewer.vm?id=0000044750&page=1. Acesso em: 13 set. 2024.