Interpela-me?
A ideologia e o Outro enquanto condições subjetivas do sujeito nos discursos
DOI:
https://doi.org/10.14393/HTP-v6n2-2024-74595Palavras-chave:
Interpelação, Análise de Discurso, Formações discursivas, Sujeito ideológico, Sujeito do inconscienteResumo
O objetivo deste artigo é discutir, teoricamente, o conceito de interpelação enquanto operação que alça o indivíduo à condição de sujeito da Ideologia, articulando-a às noções de eu e de sujeito do inconsciente forjadas pela psicanálise. Como resultados, são reiteradas as ideias de que: a) a interpelação subordina, pela nomeação, o indivíduo às posições sociais ancoradas em formações discursivas, convertendo-o em sujeito ideológico; b) esse mecanismo opera através de processos discursivos de alienação que mascaram, para o sujeito intimado, a relação de assujeitamento na qual se encontra, fazendo-o crer-se como sujeito de si mesmo e origem do seu dizer; c) o sujeito ideológico se aproxima da instância do Eu, uma vez que ambos estão assentados em identificações imaginárias que fornecem a ilusão de unidade do ser e da literalidade do sentido e d) a originalidade do sujeito e sua condição subjetiva estariam vinculadas ao sujeito do inconsciente, que se apresenta nas falhas do discurso. Em vista disso, conclui-se que os sujeitos da ideologia e do inconsciente, quando interpelados, estão subordinados ao campo da linguagem (o grande Outro), pois ambos são efeitos dos significantes, um sob a forma das representações imaginárias e o outro a partir das brechas do discurso.
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