Resumo
Na região Noroeste de Portugal, as vertentes de maior declive das áreas montanhosas de substrato granítico e xistento reúnem, frequentemente, características propícias à ocorrência de movimentos em massa, particularmente deslizamentos, fluxos de detritos e processos complexos. Entre os factores de ordem biogeofísica que potenciam a probabilidade de ocorrência de movimentos em massa nestes relevos vigorosos destacam-se as suas características estruturais, geológicas e morfológicas. Na área de estudo em análise, a Serra do Marão, merecem especial ênfase o grau de alteração das rochas granitóides; os contactos litológicos entre xistos e granitos; a existência de uma densa rede de fracturação; bem como disponibilidade de material detrítico mais ou menos desagregado, frequentemente acumulado em mantos de alteração, depósitos de vertente, escombreiras de gravidade e depósitos fluvio-aluvionares. Acrescem ainda as condições de drenagem superficial e sub-superficial e as implicações resultantes de diferentes tipos de coberto vegetal e uso do solo. Esta susceptibilidade territorial é agravada pelos elevados quantitativos de precipitação que se verificam na designada Barreira de Condensação do Noroeste Português, alinhamento montanhoso, sensivelmente paralelo à linha de costa, onde a pluviosidade média anual chega a ser superior aos 2000 mm e a exceder os 3000 mm nos pontos mais altos do Gerês. Este sistema montanhoso, onde se enquadra o Marão, é atingido durante os meses de Outono e Inverno pela sucessiva passagem das perturbações frontais, sendo igualmente afectado por chuvas orográficas não negligenciáveis. Deste modo, quer os valores de precipitação acumulada, quer os quantitativos resultantes de chuvas concentradas no tempo e no espaço são assinaláveis. Incidindo sobre as especificidades resultantes deste contexto geomorfológico e climático, o presente trabalho pretende contribuir para o aperfeiçoamento da modelação computacional dos movimentos em massa e para um maior rigor na avaliação da susceptibilidade geográfica da sua ocorrência. Nesse sentido, ambiciona produzir sinergias com a cartografia dos riscos geomorfológicos, instrumento essencial ao ordenamento do território. Esta avaliação multi-factorial da susceptibilidade face aos movimentos em massa é precursora na investigação nacional ao nível integração computacional sistematizada das formações superficiais, enquanto condicionante de extrema importância para a evolução dinâmica das vertentes. Ainda que o papel das formações superficiais seja amplamente reconhecido pela geomorfologia dinâmica, a verdade é que a inexistência de elementos cartográficos, seja em formato analógico ou digital, tem inibido a sua inclusão nos modelos desenvolvidos em Sistemas de Informação Geográfica - SIG, traduzindo-se na sua insuficiente acuidade. Visando contribuir para superar esta lacuna, o trabalho de investigação aqui sintetizado partiu da identificação e georreferenciação das formações superficiais presentes nas vertentes da Serra do Marão, designadamente depósitos de vertente periglaciares e tardiglaciares, mantos de alteração e, ainda, depósitos fluvio-aluvionares.Uma vez constituída uma base de dados espacial com as características das formações superficiais levantadas no terreno, procedeu-se a uma correlação ponderada com os demais factores seleccionados, tendo como objectivo último a cartografia rigorosa da susceptibilidade face aos movimentos em massa na Serra do MarãoDireitos Autorais para artigos publicados nesta revista são do autor, com direitos de primeira publicação para a revista. Em virtude de aparecerem em revista de acesso público, os artigos são licenciados sob Creative Commons Attribution (BY), que permite o uso irrestrito, distribuição e reprodução em qualquer meio, desde que o trabalho original seja devidamente citado.
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