Resumo
Nas últimas décadas temos assistido à ocorrência, em várias partes do mundo e sob condições meteorológicas extremas, de inúmeros incêndios florestais de grandes dimensões. Esta realidade também se tem verificado, em Portugal, queimando milhares de hectares de floresta, destruindo infraestruturas e provocando a lamentável perda de vidas humanas. Diante deste panorama que se vem agravando, procedemos à cartografia dos grandes incêndios florestais (GIFs) no noroeste português (superiores a 100 hectares), no período de 2001 a 2020, a partir da análise das imagens Landsat e com recurso a ferramentas de Machine Learning e o algoritmo Random Forest, em ambiente de trabalho Google Earth Engine. Com base nos resultados obtidos procura-se compreender o contexto dos GIF no noroeste de Portugal, bem como analisar a sua repartição espacial e a sua evolução temporal no período –referido. Conclui-se que 158.741 ha arderam pelo menos uma vez e 40,9% dessa área foi afetada por GIF uma segunda vez. O ano de 2005 registou o maior valor de área ardida (73.025,1 ha) e a recorrência máxima observada, na área de estudo, foi de 7 ocorrências, o que corresponde a uma recorrência máxima de 6 vezes. O mato é o tipo de vegetação, nas NUTs Ave, Alto Minho e Tâmega e Sousa, que apresenta mais área ardida em GIFs, enquanto no Cávado, são as florestas que apresentam a área percorridas por GIFs mais extensa. Assim, na área de estudo, em 15 anos, a maior proporção de vegetação ardida corresponde ao mato, sendo que, apenas em 5, desses 15 anos, as florestas foram a classe de maior área ardida. No atual contexto de mudanças globais e com os grandes incêndios florestais a aumentar em frequência, extensão e intensidade, é crucial o seu estudo e a sua compreensão temporal e espacial, quer à escala regional, quer à escala nacional.
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