Preferência visual da paisagem por agricultores do Sul do Brasil
PDF-pt
PDF-en (English)

Palavras-chave

Paisagem Cultural
Elementos da Paisagem
Percepção Ambiental
Motodologia Q

Como Citar

KELIA LEITE, S.; ANÉLIA RENK, A.; KISSMANN, C. .; VENDRUSCOLO, G. Preferência visual da paisagem por agricultores do Sul do Brasil. Sociedade & Natureza, [S. l.], v. 32, p. 752–765, 2020. DOI: 10.14393/SN-v32-2020-50978. Disponível em: https://seer.ufu.br/index.php/sociedadenatureza/article/view/50978. Acesso em: 16 fev. 2025.

Resumo

A preferência de paisagem varia de acordo com a cultura e experiências sociais de cada indivíduo. As paisagens preferidas pelas pessoas estão relacionadas com ambientes naturais, com presença de vegetação e água. Idade e gênero são variáveis que podem influenciar na preferência da paisagem, sendo, principalmente, a sensação de segurança relacionada com a idade e a estética com o gênero. O objetivo deste estudo foi analisar a preferência visual da paisagem por agricultores e avaliar se gênero e idade são variáveis relacionadas com esta preferência. Foram entrevistados agricultores do sul do Brasil, utilizando entrevista semiestruturada, para coleta de dados socioculturais, e o método Q, através de fotografias, para identificar preferências de paisagem. Foram identificados discursos (fatores), gradiente de preferência de paisagem e influência da idade e gênero na preferência, através de análises multivariadas e testes estatísticos. Três fatores de preferência de paisagem foram identificados: paisagem natural para apreciação e recreação; paisagem rural como familiaridade; e paisagem cultural. O gradiente de paisagem foi natural > rural > urbano e paisagem degradada. Elementos naturais, com vegetação nativa e água, foram os preferidos. As paisagens degradadas, com silvicultura e predominância de elementos com infraestrutura urbana tiveram um consenso de rejeição. Quanto menor a idade maior a preferência por paisagens naturais; com o aumento da idade aumentou a preferência por paisagens urbanas. Com relação ao gênero, diferença significativa foi observada somente com relação a paisagem com silvicultura. Considerar a percepção das pessoas na gestão de paisagens urbanas e rurais é importante para que a população se identifique com o local que reside. Nesta perspectiva, este estudo demonstrou que os agricultores não se identificam com paisagens degradadas e com paisagens com infraestrutura urbana sem a presença de árvores. 

https://doi.org/10.14393/SN-v32-2020-50978
PDF-pt
PDF-en (English)

Referências

ARRIAZA, M.; CAÑAS-ORTEGA, J. F.; CAÑAS-MADUEÑO, J. A.; RUIZ-AVILES, P. Assessing the visual quality of rural landscapes. Landscape Urban Plan, v. 69, p. 115-125, 2004. https://doi.org/10.1016/j.landurbplan.2003.10.029

BONTHOUX, S.; CHOLLET, S.; BALAT, I.; LEGAY, N.; VOISIN, L. Improving nature experience in cities: what are people’s preferences for vegetated streets? J Environ Manage, v. 230, p. 335–344, 2019. https://doi.org/10.1016/j.jenvman.2018.09.056

BROWN, S. R. Political subjectivity: Applications of Q methodology in political science. Yale University Press, New Haven, 1980.

BURMIL, S.; DANIEL, T. C.; HETHERINGTON, J. D. Human values and perceptions of water in arid landscapes. Landscape Urban Plan, v. 44, p. 99-109, 1999. https://doi.org/10.1016/S0169-2046(99)00007-9

CARNEIRO, M. J. Ruralidade contemporâneas: modos de viver e pensar rural na sociedade brasileira. Mauad X, Rio de Janeiro, 2012.

CRUZ, M.; QUIROZ, R.; HERRERO, M. Use of Visual Material for Eliciting Shepherds' Perceptions of Grassland in Highland Peru. Mt Res Dev, v. 27, n. 2, p. 146-152, 2007. https://doi.org/10.1659/mrd.0793

DENARDIN, V. F.; SULZBACH, M. T. Os Possíveis Caminhos da Sustentabilidade para a Agropecuária da Região Oeste de Santa Catarina. Editora Unijuí, ano 3, n. 6, 2005.

DORIGON, C.; RENK, A. Técnicas e Métodos Tradicionais de Processamento de Produtos Coloniais. Rev. de Economia Agrícola, São Paulo, v. 58, n. 1, p. 101-113, 2011.

DRAMSTAD, W. E.; SUNDLI TVEIT, M.; FJELLSTAD, W. J.; FRY, G. L. A. Relationships between visual landscape preferences and map-based indicators of landscape structure. Landscape Urban Plan, v. 78, p. 465-474, 2006.https://doi.org/10.1016/j.landurbplan.2005.12.006

FUENTE DE VAL, G.; ATAURI MEZQUIDA, J.; DE LUCIO FERNANDEZ, J. El aprecio por el paisaje y su utilidad en la conservación de los paisajes de Chile Central. Revista Ecosistemas, v. 13, n. 2, p. 82-89, 2004.

FUENTES, F. J. “La experiencia cualitativa en el paisaje y el espacio construido”, Bogotá, Revista de Estudios sobre Patrimonio Cultural. J Cult Herit, v. 24, n. 2, p. 166-177, 2011.

GAO, T.; LIANG, H.; CHEN, Y.; QIU, L. Comparisons of Landscape Preferences through Three Different Perceptual Approaches. International journal of environmental research and public health, v. 16, n. 23, p. 4754, 2019. https://doi.org/10.3390/ijerph16234754

HALL, C. The landscape aesthetics of functional change in agriculture: how do they impact on rural residentes in Scotland? European IFSA Symposium, p. 6 -10, Clermont-Ferrand (France), 2008.

HARTEL, T.; FISCHER, J.; CÂMPEANU, C.; MILCU, A.I.; HANSPACH, J.; FAZEY, I. The importance of ecosystem services for rural inhabitants in a changing cultural landscape in Romania. Ecol Soc, v.19, n. 2, p. 42, 2014. https://doi.org/10.5751/ES-06333-190242

HEMSTRÖM, K.; MAHAPATRA, K.; GUSTAVSSON, L. Public Perceptions and Acceptance of Intensive Forestry in Sweden. AMBIO, v. 43, p. 196–206, 2014. https://doi.org/10.1007/s13280-013-0411-9

HOWLEY, P. Landscape aesthetics: assessing the general public’s rural landscape preferences. RERC Working Paper Series, p. 11-05, 2011. https://doi.org/10.1016/j.ecolecon.2011.09.026

HUNZIKER, M.; BUCHECKER, M.; HARTIG, T. Space and Place – Two Aspects of the Human-landscape Relationship. In: KIENAST, F.; WILDI, O.; GOSH, S. (ed). A changing world: Challenges for landscape research, Springer, Dordrecht, p. 47-62, 2007. https://doi.org/10.1007/978-1-4020-4436-6_5

HUNZIKER, M.; FELBER, P.; GEHRING, K.; BUCHECKER, M.; BAUER, N.; KIENAST, F. Evaluation of landscape change by different social groups. Mt Res Dev, v. 28, n. 2, p. 140-147, 2008. https://doi.org/10.1659/mrd.0952

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Manual Técnico da Vegetação Brasileira. 2a edição ed. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, Rio de Janeiro, 2012.

ISLAS, P. V. A visual perception study in landscapes subject to fires in South East Australia. Bosque, v. 33, n. 3, p. 287-292, 2012. https://doi.org/10.4067/S0717-92002012000300010

KAPLAN, R.; KAPLAN S.; BROWN, T. Environmental Preference: A Comparison of Four Domains of Predictors. Environment and Behavior, v. 21, n. 5, p. 509-530, 1989. https://doi.org/10.1177/0013916589215001

KLEIN, R. M. Mapa fitogeográfico do estado de Santa Catarina. In: Flora Ilustrada Catarinense. (R. Reitz, ed.) Herbário Barbosa Rodrigues, 1978. p. 24.

LAROCHE, G.; DOMON, G.; OLIVIER, A. Exploring the social coherence of rural landscapes featuring agroforestry intercropping systems using locals’ visual assessments and perceptions. Sustain Sci, v. 15, p. 1337–1355, 2020. https://doi.org/10.1007/s11625-020-00837-3

LE LAY, Y. F.; PIÉGAY, H.; HONEGGER, A. R. Perception of braided river landscapes: Implications for public participation and sustainable management. J Environ Manage, v. 119, p. 1-12, 2013. https://doi.org/10.1016/j.jenvman.2013.01.006

LÓPEZ-MARTÍNEZ, F. Visual landscape preferences in Mediterranean areas and their socio-demographic influences. Ecol Eng, v. 104, p. 205–215, 2017. https://doi.org/10.1016/j.ecoleng.2017.04.036

MEINING, D. W. O olho que observa: dez versões da mesma cena. Espaço e cultura, UERJ, RJ, n. 13, p. 34-46, 2002.

MILCU, A. I.; SHERREN, K.; HANSPACH, J.; ABSON, D.; FISCHER, J. Navigating conflicting landscape aspirations: Application of aphoto-based Q-method in Transylvania (Central Romania). Land Use Policy, v. 41, p. 408-422, 2014. https://doi.org/10.1016/j.landusepol.2014.06.019

MYERS, N.; MITTERMEIER, R. A.; MITTERMEIER, C. G.; DA FONSECA, G. A. B.; KENT, J. Biodiversity hotspots for conservation priorities. Nature, v. 403, n. 6772, p. 853–858, 2000. https://doi.org/10.1038/35002501

NIMER, E. Climatologia do Brasil. 2nd ed. IBGE, Departamento de Recursos Naturais e Estudos Ambientais, Rio de Janeiro, 1989.

OVERBECK, G. E.; MÜLLER, S. C.; FIDELIS, A.; PFADENHAUER, J.; PILLAR, V. D.; BLANCO, C. C.; BOLDRINI, I. I.; BOTH, R.; FORNECK, E. D. Brazil’s neglected biome: The South Brazilian Campos. Perspect. Plant Ecol. Evol. Syst, v. 9, n. 2, p. 101–116, 2007. https://doi.org/10.1016/j.ppees.2007.07.005

PERON, E.; BERTO, R.; PURCELL, T. Restorativeness, preference and the perceived naturalness of places. Medio Ambiente y Comportamiento Humano, v. 3, p. 19-34, 2002.

PLIENINGER, T.; HÖCHTL, F.; SPEK, T. Traditional land-use and nature conservationin european rural landscapes. Environ. Sci. Policy, v. 9, p. 317–321, 2006. https://doi.org/10.1016/j.envsci.2006.03.001

PÜSCHEL-HOENEISEN, N.; SIMONETTI, J. A. Forested habitat preferences by Chilean citizens: Implications for biodiversity conservation, in Pinus radiata plantations. Revista Chilena de Historia Natural, v. 85, p. 161-9, 2012. https://doi.org/10.4067/S0716-078X2012000200002

SANTOS, M. A Natureza do Espaço: técnica e tempo, razão e emoção. São Paulo: Editorada Universidade de São Paulo, 2006.

SANTOS, N. R. Z.; LONGHI, S. J. Percepção das paisagens da Floresta Nacional de Canela (RS) pelos turistas. Ambiência, v. 1, p. 113-123, 2012. https://doi.org/10.5777/ambiencia.2012.01.09

SCHWARZ, M. L.; ANDRÉ, P.; SEVEGNAN, L. Preferências e valores para com as paisagens da Mata Atlântica: uma comparação segundo a idade e o gênero. Caminhos de Geografia, v. 9, n. 26, p. 114-132, 2008.

SHUIB, K. B.; HASHIM, H. Cultural landscape values of a rural landscape: Perceptionof outsiders and tourists. IFLA APR Congress-Hospitality: The Interaction with Land 9-21, Bangkok, Thailand, 2011.

SOY-MASSONI, E.; VARGA, D.; SÁEZ, M.; PINTÓ, J. Exploring aesthetic preferences in rural landscapes and the relationship with spatial pattern índices. J Landsc Ecol, p. 9-1, 2016. https://doi.org/10.1515/jlecol-2016-0001

TANG, I. C.; SULLIVAN, W. C.; CHANG, C. Y. Perceptual Evaluation of Natural Landscapes: The Role of the Individual Connection to Nature. Environ Behav, p. 1-23, 2014.

TUAN, Y. F. Thought and landscape. In: Meining, D. W. (Ed.). The interpretation of ordinary landscapes. Oxford University Press, New York, 1979.

VAN DEN BERG, A. E.; KOOLE, S. L. New wilderness in the Netherlands: An investigation of visual preferences for nature development landscapes. Landscape Urban Plan, v. 78, p. 362-372, 2006. https://doi.org/10.1016/j.landurbplan.2005.11.006

VAN DEN BERG, A. E.; KOOLE, S. L.; WULP, N. Y. Environmental preference and restoration: (How) are they related? J Environ Psychol, v. 23, p. 135-146, 2003. https://doi.org/10.1016/S0272-4944(02)00111-1

VIBRANS, A. C.; SCHAADT, S. S.; MEYER, C.; GASPER, A. L. de.; LINGNER, D. V.; KRÜGER, A.; KORTE, A. Levantamento de árvores “fora da floresta”. In: VIBRANS, A. C.; SEVEGNANI, L.; GASPER, A. L. de.; LINGNER, D. V. (eds). Inventário Florístico Florestal de Santa Catarina, Vol. I. Diversidade e conservação dos remanescentes florestais. Blumenau, Edifurb, 2012.

VIEBRANTZ, K. P. Plantação de eucaliptos: uma alternativa econômica ou um problema ambiental? Revista grifos, v. 27, 2009.

XU, M.; LUO, T.; WANG, Z. Urbanization diverges residents’ landscape preferences but towards a more natural landscape: case to complement landsenses ecology from the lens of landscape perception, International Journal of Sustainable Development & World Ecology, v. 27, n. 3, p. 250-260, 2020. https://doi.org/10.1080/13504509.2020.1727989

ZABALA, A. Qmethod: A Package to Explore Human Perspectives Using Q Methodology. The R Journal, v.6, n. 2, p. 163-173, 2014. https://doi.org/10.32614/RJ-2014-032

Direitos Autorais para artigos publicados nesta revista são do autor, com direitos de primeira publicação para a revista. Em virtude de aparecerem em revista de acesso público, os artigos são licenciados sob Creative Commons Attribution (BY), que permite o uso irrestrito, distribuição e reprodução em qualquer meio, desde que o trabalho original seja devidamente citado.

 
 

Downloads

Não há dados estatísticos.

Métricas

Carregando Métricas ...