Resumo
A cidade de Campinas, no estado de São Paulo, Brasil, caracteriza-se historicamente pela pujança econômica – influenciada pelo capital agrário, imobiliário e financeiro em sua formação urbana – e pela escassez alimentícia de sua população de mais baixa renda. Destaca-se na reprodução de seu espaço urbano, como resultado do intenso processo de aburguesamento e da vivencia da fome, uma situação alimentar urbana, que sinaliza para uma presença maciça de instituições alimentares, cujo fim seria, além de garantir a alimentação ao trabalhador, amenizar o mal da escassez e carestia de gêneros alimentícios de primeira necessidade na urbe. Baseados em pesquisa bibliográfica, documental e empírica, destaca-se que no período entre 1850 e 2016, Campinas viveu importantes transformações urbanas que modificaram suas práticas alimentares. Observa-se que a fome na população pobre campineira tem raízes na racionalidade urbana, contexto no qual o espraiamento das periferias estimulou ainda mais o crescimento e popularização de um mercado de refeições prontas e baratas no núcleo central – abrigo histórico de trabalhadores precarizados, os famintos do mundo urbano campineiro.
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