Inclusão digital de pessoas em sofrimento psíquico
uma reflexão freiriana sobre a mediação no projeto “Eu quero entrar na Rede”
DOI:
https://doi.org/10.14393/REP-2021-62354Palabras clave:
Educação popular, Saúde mental, Atenção Psicossocial, Inclusão digital, Acesso às Tecnologias de Informação e ComunicaçãoResumen
A educação popular foi construída como movimento de crítica e resistência, a partir de uma perspectiva contra hegemônica. Na segunda metade do século 20, o mundo viveu a popularização das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC), que se difundiram através da internet. Este artigo apresenta a experiência de educação popular e inclusão digital do projeto Eu quero entrar na Rede, desenvolvido por dez moradores de comunidades de baixa renda que vivem em sofrimento psíquico. A partir dos pressupostos teóricos de Paulo Freire, foi analisada a atuação da mediadora nos processos pedagógicos desenvolvidos. No campo das relações sociais, os métodos e pressupostos teóricos adotados, inspirados na “Translação do Conhecimento”, mostraram-se eficientes para a promoção de protagonismo dos participantes e para a diminuição de sua invisibilidade. O projeto resultou na evolução das competências e habilidades dos educandos no manuseio das TIC, culminando na criação do blog Libertando a Mente. A experiência revela que a mediação baseada na práxis educacional na perspectiva freiriana foi realizada por meio da troca de conhecimentos e da valorização dos diferentes saberes envolvidos. Conclui-se que os métodos utilizados incentivaram os processos de democratização da informação e promoveram o protagonismo dos usuários em consonância com as diretrizes propostas pela Reforma Psiquiátrica Brasileira.
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