O currículo das escolas do campo no contexto da BNCC
as tensões políticas e epistemológicas
DOI:
https://doi.org/10.14393/REP-2025-74257Palavras-chave:
Currículo, Escola do campo, BNCCResumo
O presente artigo objetiva a analisar tensões entre a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e perspectivas curriculares contra-hegemônicas que fundamentam as propostas curriculares nas escolas do campo no Brasil. É um estudo bibliográfico, de abordagem qualitativa, que utiliza o método do Materialismo Histórico e Dialético (MHD). A categoria “tensões” funciona como uma chave analítico-dialética, utilizada para marcar as contradições político-pedagógicas entre um projeto educativo ancorado na perspectiva curricular da BNCC e o projeto educativo das escolas do campo, sustentado por perspectivas curriculares de matrizes pedagógicas contra-hegemônicas, a fim de repensar sua função sociopolítica. Os estudos apontaram para a importância da construção de um currículo que supere a concepção de educação neoliberal e pragmática implícita na BNCC, associada à reprodução de conhecimento que atenda aos interesses do sistema capitalista. A implementação da BNCC tem contribuído para a descaracterização dos projetos curriculares das escolas do campo, vinculados às bases teóricas da pedagogia crítica. O currículo das escolas do campo é construído em diálogo com a realidade social, política e econômica das comunidades, sem perder de vista a luta histórica dos povos do campo, visando à produção de conhecimentos comprometidos com um projeto de transformação social. Nesse sentido, as perspectivas curriculares contra-hegemônicas oferecem elementos teórico-conceituais alternativos à BNCC.
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