Mais do que solo e sala
elos profícuos e necessários entre agroecologia, educação do campo e resistência camponesa
DOI:
https://doi.org/10.14393/REP-2025-74033Palavras-chave:
Campesinato, Escola, Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, Reforma AgráriaResumo
Esse artigo objetiva a discorrer sobre a Educação do Campo e a Agroecologia, desde a perspectiva da resistência camponesa, em especial, à do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). A elaboração transcorreu por uma abordagem de natureza qualitativa, que traz contribuições baseadas na investigação bibliográfica. O texto se organiza em duas seções: a “Agroecologia como projeto camponês e popular”; e “A relação entre a Educação do Campo e a Agroecologia”. Como resultado, destaca-se a importância histórica das sociedades camponesas na política e sustentabilidade ecológica. Demonstra-se que os movimentos sociais, especialmente o MST e seu projeto de Reforma Agrária, são ferramentas cruciais para a luta atual do campesinato, estabelecendo bases para a Agroecologia em oposição ao agronegócio. Neste bojo, a Educação do Campo promove o campo como espaço de potencialidades, vinculando a educação à materialidade da vida e qualificando a atuação dos sujeitos da realidade para um movimento de transformação social mais amplo. Com a escola sendo vista como espaço de contradição, estudos e aprendizagem, pode-se concluir que, por mais que os projetos de educação estejam em disputa, as iniciativas promovidas pela escola do campo são passíveis de projeção, salto político e capilaridade, como é o caso do trabalho com a Agroecologia.
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