Mais do que solo e sala

elos profícuos e necessários entre agroecologia, educação do campo e resistência camponesa

Autores

DOI:

https://doi.org/10.14393/REP-2025-74033

Palavras-chave:

Campesinato, Escola, Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, Reforma Agrária

Resumo

Esse artigo objetiva a discorrer sobre a Educação do Campo e a Agroecologia, desde a perspectiva da resistência camponesa, em especial, à do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). A elaboração transcorreu por uma abordagem de natureza qualitativa, que traz contribuições baseadas na investigação bibliográfica. O texto se organiza em duas seções: a “Agroecologia como projeto camponês e popular”; e “A relação entre a Educação do Campo e a Agroecologia”. Como resultado, destaca-se a importância histórica das sociedades camponesas na política e sustentabilidade ecológica. Demonstra-se que os movimentos sociais, especialmente o MST e seu projeto de Reforma Agrária, são ferramentas cruciais para a luta atual do campesinato, estabelecendo bases para a Agroecologia em oposição ao agronegócio. Neste bojo, a Educação do Campo promove o campo como espaço de potencialidades, vinculando a educação à materialidade da vida e qualificando a atuação dos sujeitos da realidade para um movimento de transformação social mais amplo. Com a escola sendo vista como espaço de contradição, estudos e aprendizagem, pode-se concluir que, por mais que os projetos de educação estejam em disputa, as iniciativas promovidas pela escola do campo são passíveis de projeção, salto político e capilaridade, como é o caso do trabalho com a Agroecologia.

 

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Biografia do Autor

  • Juliana Cristina de Mello, Universidade Federal da Fronteira Sul

    Mestra em Agroecologia e Desenvolvimento Rural Sustentável pela Universidade Federal da Fronteira Sul, campus Laranjeiras do Sul, Santa Catarina, Brasil; professora na Educação Infantil da rede municipal de ensino de Francisco Beltrão, Paraná, Brasil e no Ensino Médio e Técnico/Profissionalizante da rede estadual de educação do Paraná, Brasil.

  • Liria Ângela Andrioli, Universidade Federal da Fronteira Sul

    Doutora em Educação nas Ciências pela Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, Brasil, com período sanduíche em University of Münster, Alemanha;  professora na Universidade Federal da Fronteira Sul, Santa Catarina, Brasil; coordenadora do Grupo de Estudos de Gênero. 

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Publicado

01-04-2025

Como Citar

MELLO, Juliana Cristina de; ANDRIOLI, Liria Ângela. Mais do que solo e sala: elos profícuos e necessários entre agroecologia, educação do campo e resistência camponesa. Revista de Educação Popular, Uberlândia, v. 24, n. 1, p. 248–268, 2025. DOI: 10.14393/REP-2025-74033. Disponível em: https://seer.ufu.br/index.php/reveducpop/article/view/74033. Acesso em: 18 abr. 2025.