Relato de experiência do Círculo de Cultura com mulheres vítimas de violência
estratégia de cuidado na perspectiva da Educação Popular em Saúde
DOI:
https://doi.org/10.14393/REP-2024-71700Palavras-chave:
Violência, Educação Popular, Mulheres, Círculo de CulturaResumo
O objetivo deste artigo foi apresentar a experiência dos Círculos de Cultura (CC) com mulheres expostas à violência, no período de junho a dezembro de 2021, em Campinas, como estratégia de cuidado na perspectiva da Educação Popular em Saúde. Como método, foram realizados dois ciclos de CC compostos por oito encontros com mulheres maiores de 18 anos expostas à violência, residentes no distrito norte do município. Os temas geradores iniciais explicitam a violência em suas diferentes formas e se constituem também como arcabouços da experiência das participantes. São tais temas: filhos, trabalho, futuro, raça, sistema judiciário brasileiro, saúde da mulher e confiança. A presença do Estado nos territórios vulneráveis se mostrou ineficiente, com serviços públicos ineficientes, frequentemente agente de diferentes formas de violência e perpetuadora da desigualdade social. Essa ineficiência se manifestou na narrativa por parte das mulheres participantes do estudo, que interpretavam o sofrimento ligado à violência como efeito de responsabilidade individual de cada uma delas. O círculo de cultura se mostrou como potencial ferramenta para o empoderamento das participantes, a partir do compartilhamento democrático de saberes e experiências acerca da violência, se tornando um espaço emancipador de contínuo aprendizado, liberdade, resistência e construções afetivas.
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