Extensão popular na atualidade dos direitos do povo indígena Gamela na “última fronteira agrícola”, no Piauí

Autores

  • Maria do Socorro Pereira da Silva Universidade Federal do Piauí
  • Taynara Fernandes da Silva Universidade Federal do Piauí
  • José Wylk Brauna da Silva Universidade de Brasília
  • Thaynan Alves dos Santos Universidade Federal do Sul da Bahia

DOI:

https://doi.org/10.14393/REP-2022-64725

Palavras-chave:

Extensão Popular, Direitos, Povos Indígenas, Gamela, Piauí

Resumo

No Brasil, os povos indígenas e as comunidades tradicionais enfrentam o desmonte das políticas de demarcação de terras, contexto acelerado pelo Governo Bolsonaro. A extensão popular, baseada no legado de Paulo Freire, vem fortalecendo a auto-organização das comunidades tradicionais na luta pelo território. Este estudo busca responder ao questionamento: como a extensão popular contribui para o fortalecimento da auto-organização do povo indígena Gamela, na comunidade Laranjeiras, do Piauí, quanto à demanda fundiária da etnia junto ao Estado? O lócus da pesquisa é o Projeto Universidade Popular na comunidade tradicional Laranjeiras, no Piauí. A extensão popular se realiza pelo ensino e pela pesquisa, a partir da articulação entre conhecimento acadêmico e popular, protagonizada pelos indígenas Gamela, no Piauí. A extensão popular, segundo Gadotti (2017), articula os sujeitos pela “ação cultural”, e, como defende Freire (1985), o lugar da prática é possibilidade de transformação e construção de um novo conhecimento. A abordagem qualitativa, a investigação-ação participante, com base em Fals-Borda (1981), e a análise dialética qualificam a metodologia de descolonização do conhecimento na luta pelo direito ao território. A extensão popular contribui para a auto-organização da etnia Gamela na luta pela demarcação do território na relação com o Estado, e tem potencializado o agroextrativismo sustentável do buriti e a proteção das nascentes dos brejos e dos recursos hídricos da comunidade.

 

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Biografia do Autor

Maria do Socorro Pereira da Silva, Universidade Federal do Piauí

Doutora em Educação pela Universidade Federal do Piauí, Brasil, com doutoramento sanduíche no Centro de Estudos Sociais  da Universidade de Coimbra, Portugal; professora na mesma instituição; coordenadora do Núcleo de Estudos, Pesquisa e Extensão em Educação, Ciência Descolonial, Epistemologia e Sociedade (NEPEECDES/UFPI).  

Taynara Fernandes da Silva, Universidade Federal do Piauí

Graduanda em Educação do Campo na Universidade Federal do Piauí, Brasil; membro do Núcleo de Estudos, Pesquisa e Extensão em Educação, Ciência Descolonial, Epistemologia e Sociedade (NEPEECDES/UFPI).

José Wylk Brauna da Silva, Universidade de Brasília

Mestrando em Meio Ambiente e Desenvolvimento Rural na Universidade de Brasília, Brasil; membro do Núcleo de Estudos e Pesquisa em Educação e Extensão, Ciência Descolonial, Epistemologia e Sociedade (NEPEECDES/UFPI).

Thaynan Alves dos Santos, Universidade Federal do Sul da Bahia

Mestrando em Ciências e Sustentabilidade na Universidade Federal do Sul da Bahia, Brasil; membro do  Núcleo de Arte e Agroecologia Vale do Gurguéia (NAGU/UFPI).

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Publicado

30-12-2022

Como Citar

SILVA, M. do S. P. da; SILVA, T. F. da; SILVA, J. W. B. da; SANTOS, T. A. dos. Extensão popular na atualidade dos direitos do povo indígena Gamela na “última fronteira agrícola”, no Piauí. Revista de Educação Popular, Uberlândia, v. 21, n. 3, p. 118–140, 2022. DOI: 10.14393/REP-2022-64725. Disponível em: https://seer.ufu.br/index.php/reveducpop/article/view/64725. Acesso em: 22 jul. 2024.