Entre as três espécies de prova no Ideal da Razão Pura e as duas provas a priori no Único Argumento
DOI:
https://doi.org/10.14393/REPRIM-v9n17a2024-74867Palabras clave:
Prova Cartesiana, Ontológica, Único Argumento, Fundamento e ConsequênciaResumen
Resumo: No Ideal da Razão Pura Kant afirma que há apenas três provas possíveis da existência de Deus: físico-teológica, cosmológica e ontológica (KrV A590-1 / B618-9). Entretanto, comentando essa passagem em The Existence of God, Richard Swinburne afirma que tal classificação gerou muitas incompreensões. Segundo o inglês, o uso do artigo “the” precedendo as três provas contribuiu para a interpretação de que haveria um Único Argumento para cada definição apontada. Contudo, poderia ser citado vários argumentos distintos para cada título. Diante dessa polêmica, decidi confrontar a classificação das provas na Crítica, com a classificação conforme fora disposta no Único Argumento. Nesta obra, ao invés de três provas — uma a priori (ontológica) e duas a posteriori (cosmológica e físico-teológica) —, é apresentada quatro provas: duas a priori (cartesiana e ontológica) e duas a posteriori (cosmológica e físico teológica). Tendo em vista que Kant afirma na Crítica que há apenas três especies de provas, e que “Não há mais [provas] além destas, e também não pode haver mais” (KrV A591/ B619), então por que em 1763 ele apontara duas espécies distintas para as provas a priori! Seria esse um indício que corroboraria com a posição de uma definição contendo várias provas, tal como indicada por Swinburne?
Palavras-chave: Prova Cartesiana; Ontológica; Único Argumento; Fundamento e Consequência.
Between the three kinds of proof in The Ideal of Pure Reason and the two a priori proofs in The Only Argument
Abstract: In The Ideal of Pure Reason, Kant states that there are only three possible proofs for the existence of God: physico-theological, cosmological, and ontological (KrV A590-1/B618-9). However, commenting on this passage in The Existence of God, Richard Swinburne states that this classification has generated many misunderstandings. According to the Englishman, the use of the article “the” preceding the three proofs contributed to the interpretation that there would be a single argument for each definition indicated. However, several distinct arguments could be cited for each title. In view of this controversy, I decided to compare the classification of the proofs in the Critique with the classification as it was laid out in The Only Possible Argument. In this work, instead of three proofs — one a priori (ontological) and two a posteriori (cosmological and physico-theological) —, four proofs are presented: two a priori (Cartesian and ontological) and two a posteriori (cosmological and physico-theological). Given that Kant states in the Critique that there are only three kinds of proofs, and that “There are no more of them, and there also cannot be any more” (KrV A591/B619), then why in 1763 did he point out two distinct kinds of a priori proofs! Would this be a clue that would support the position of a definition containing several proofs, as indicated by Swinburne?
Keywords: Cartesian Proof; Ontological; Only Argument; Ground and Consequence.
Data de registro: 14/08/2024
Data de aceite: 01/11/2024
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