Educação popular, feminismos e justiça social
a influência de Paulo Freire nas práticas educativas de mulheres do campo
DOI:
https://doi.org/10.14393/CEF-v38n1-2025-8Palavras-chave:
Agroecologia. Educação Popular. Feminismos. Justiça Social. Mulheres do Campo.Resumo
A pesquisa investiga como as práticas educativas desenvolvidas por mulheres do campo articulam os fundamentos da educação popular à construção de um feminismo territorializado, coletivo e insurgente. Ao compreender a educação como um ato político e ético, o estudo busca analisar de que modo essas mulheres transformam suas vivências cotidianas em processos pedagógicos voltados à emancipação, à justiça social e à reconfiguração das relações de poder em seus territórios. A investigação tem como objetivo analisar o entrelaçamento entre práticas formativas, feminismos populares e pedagogia libertadora no contexto da educação do campo. Utiliza-se metodologia qualitativa, com abordagem bibliográfica e analítico-interpretativa, ancorada nos estudos de gênero, educação popular e epistemologias do Sul. Foram mobilizadas obras teóricas, registros de movimentos sociais e produções acadêmicas sobre experiências formativas em territórios rurais. O percurso analítico revela que as práticas educativas protagonizadas por essas mulheres operam como formas de resistência ao patriarcado, à colonialidade e à marginalização epistêmica, gerando saberes coletivos enraizados na terra, na oralidade e na ancestralidade. A pesquisa conclui, de forma preliminar, que tais práticas representam não apenas instrumentos de formação política, mas também alternativas de construção de outras pedagogias possíveis, sustentadas por vínculos comunitários, práticas agroecológicas e autonomia territorial. Ao dar visibilidade a essas experiências, o estudo contribui para o fortalecimento das pedagogias populares feministas e amplia os horizontes do debate educacional sobre justiça social, dignidade e transformação estrutural no campo brasileiro.
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