Quando o futebol é de mulheres: suspeitas, regulações e transgressões no campo dos gêneros e sexualidades

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Maria de Fátima Salum Moreira
Vagner Matias do Prado
Maria Cristina Cavaleiro

Resumo

O estudo discute a percepção que jovens jogadoras de futebol possuem de si mesmas, frente às relações de gênero e sexualidade a partir de pesquisa que envolveu observações de treinos e seis entrevistas semiestruturadas com uma equipe feminina de município do interior paulista. Ao compreender as sexualidades e o gênero como construções sócio-históricas, problematiza-se a prática do futebol e os dispositivos que produzem “modos de ser mulher” a partir de políticas normalizadoras. Conclui-se que regimes normativos de gênero regulam os corpos das jovens atletas frente a um esporte considerado como masculino; gerenciam modos possíveis de estilização corporal das jogadoras; e instituem regras que visam afastá-las de uma possível aproximação com o desejo lesbiano. Tais achados desvelam o futebol como prática social generificada e generificante, produtora de corpos/subjetividades que são gerenciados pelos dispositivos de gênero e sexualidade. Também permitem (re)pensar as relações estabelecidas entre gênero, sexualidade e práticas corporais.


 

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Como Citar
Moreira, M. de F. S. ., Prado, V. M. do ., & Cavaleiro, M. C. . (2019). Quando o futebol é de mulheres: suspeitas, regulações e transgressões no campo dos gêneros e sexualidades. Ensino Em Re-Vista, 26(2), 524–546. https://doi.org/10.14393/ER-v26n2a2019-11
Seção
ARTIGOS DE DEMANTA CONTÍNUA

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