O Processo Alfabetizador da Criança no Movimento de (Re) Formulação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC)

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Maria Alice de Miranda Aranda
Eliane de Fátima Triches

Resumo

O presente artigo tem como objetivo trazer à tona discussões em torno do processo de (re) formulação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) como orientadora do currículo da Educação Básica brasileira, e, neste movimento, o que o Documento indica para o processo alfabetizador da criança. Para tanto, foram empregadas fontes bibliográficas e pesquisa documental. A BNCC integra as reformas no campo educacional que vêm sendo implementadas globalmente, sinalizando a ascensão de um neoliberalismo travestido no discurso de uma prática democrática, tendo em vista a grande mídia anunciar que a BNCC foi construída a várias mãos. Ficam evidentes que as vozes mais ouvidas na trajetória da formulação da BNCC vieram das fundações privadas, em especial da classe empresarial, sendo estas chamadas com frequência a se manifestarem sobre o Documento. Em síntese, as muitas vozes presentes na formulação da BNCC são portadoras de um discurso legitimado por argumentos “científicos”, mas cabe questionar sob qual concepção de mundo, de sociedade, de educação e de sujeitos. Em relação ao processo alfabetizador da criança destaca-se na BNCC, como exemplo, uma ascensão aos métodos tecnicistas presentes nas várias versões como tendência que se intensificava a cada versão.

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Seção

Dossiê

Biografia do Autor

Maria Alice de Miranda Aranda

Doutora em Educação. Docente da Graduação e da Pós-Graduação (Mestrado e Doutorado) na Faculdade de Educação da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD).

Eliane de Fátima Triches

Mestre em Educação pelo Programa de Pós-Graduação em Educação da UFGD. Diretora da Escola Municipal Bernardina Correa de Almeida, Dourados, MS, Brasil.

Como Citar

ALICE DE MIRANDA ARANDA, Maria; DE FÁTIMA TRICHES, Eliane. O Processo Alfabetizador da Criança no Movimento de (Re) Formulação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC). DiversaPrática, Uberlândia, v. 5, n. 2, p. 155–213, 2019. DOI: 10.14393/DP-v5n2-2018-51356. Disponível em: https://seer.ufu.br/index.php/diversapratica/article/view/51356. Acesso em: 5 dez. 2025.

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