Abordagem sócio histórica da creche em Portugal. O caso de Vila Nova de Gaia (1883-1971): entre o nacional e o local
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Resumo
As creches, durante a primeira centúria da sua existência, acolhiam crianças desde os primeiros meses de vida até à idade da entrada na escola e não até aos 3 anos como hoje são concebidas, aliando nos seus propósitos higienistas e eugénicos, não só a procura da redução da mortalidade infantil mas, também, a educação da criança em idade pré-escolar extensível à mãe, à família, à comunidade e à nação. Foi nosso objetivo perceber o processo de implementação destes espaços de modernidade educativa em Vila Nova de Gaia até à década de setenta do século XX, um território com especificidades geográficas e sociodemográficas favorecedoras de um acompanhamento económico e cultural aparentemente recetivo à criação e sustentação de creches. Cruzando o percurso da implementação das creches em Portugal com o caso gaiense, rastreamos os impulsos das filosofias educativas e os obstáculos físicos e económicos que fizeram a sociedade portuguesa tardar em encarar a primeira infância como uma prioridade e a encarar a creche sem preconceitos.
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