Educação tecnocrática: controle social e a reprodução das desigualdades estruturais
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Abstract
Este estudo interdisciplinar investiga o tecnicismo na política e educação brasileiras de 1968 até o fim dos anos 1970, por meio de uma abordagem qualitativa e documental embasada em Fazenda (2013). Durante a ditadura civil-militar no Brasil, o tecnicismo educacional foi mais que uma abordagem pedagógica, ao ser aplicado para o controle ideológico e a manutenção do poder autoritário. Implementado nas reformas de ensino, priorizava eficiência técnica em detrimento de uma formação crítica, ao utilizar a educação para conformar e reprimir a dissidência. Na tentativa de sustentar o regime, tal perspectiva também contribuiu para seu declínio, ao ignorar as forças culturais que resistiam à imposição. Assim como no passado, a abordagem analisada subordina o ensino às necessidades econômicas, reforça desigualdades e limita a formação crítica dos estudantes.
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