“Não há pobreza que resista a 14 horas de trabalho”

o discurso de enriquecimento nas redes sociais

Auteurs-es

DOI :

https://doi.org/10.14393/HTP-v7n1-2025-76707

Mots-clés :

Análise do discurso, Redes sociais, Enriquecimento

Résumé

As mídias sociais, especialmente o Instagram, são palco de diversos nichos de conteúdos. Dentre eles, há o mercado financeiro, no qual Thiago Nigro se destaca. Nesse sentido, com base em 60 ocorrências do termo “enriquecimento”, analisou-se o discurso desse influenciador. Assim, objetiva-se analisar paráfrases em torno do termo ‘enriquecimento’ nesses conteúdos e compreender como ele é construído, quais os pontos de vista que incidem sobre ele e quais valores lhe são associados. Ainda, procuramos avaliar a meritocracia nesses enunciados e investigar se o influenciador considera diferenças econômicas e sócio-históricas. A pesquisa possui caráter descritivo e explicativo, já que objetiva coletar, selecionar e classificar dados textuais associados ao enriquecimento e analisar seu objeto: os valores e visões de mundo atrelados ao discurso produzido por Nigro. Os referenciais teórico-metodológicos residem na Análise do Discurso Francesa (ADF), principalmente nos trabalhos de Michel Pêcheux e seu grupo. Os procedimentos de análise foram inspirados em Freire (2014). Foi possível perceber uma heterogeneidade, notada na divisão das ocorrências em dois grupos parafrásticos principais: Sacrifício e Destino. Por concatenar enriquecimento e mérito pessoal, esses discursos se inserem em uma Formação Ideológica capitalista e liberal, dada a valorização do capital e da ação individual, notadamente descolada de determinações sociais.

Biographies de l'auteur-e

  • Camila Alves Melo Ferreira, Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG

    Graduanda em Letras pela Faculdade de Letras (FALE), da UFMG.

  • Renan Mazzola, Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG

    Graduado em Letras com Bacharelado e Licenciatura Plena em Português e Inglês pela Unesp de Araraquara (2007), com iniciação científica financiada pela Fapesp. Mestre em Linguística e Língua Portuguesa pela Unesp de Araraquara (2010), com financiamento do CNPq. Doutor em Linguística e Língua Portuguesa pela Unesp de Araraquara (2014), com financiamento da Fapesp. Realizou estágio de pesquisas na Université Sorbonne Nouvelle - Paris (Capes/Pdee, 2011/2012), durante o doutorado, como membro da École Doctorale Langage et Langues e do Grupo de Pesquisas Histoire des théories linguistiques. Atualmente, é Professor Adjunto da Faculdade de Letras (FALE) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Já atuou como docente de graduação na Unesp/Araraquara, Unicentro/Guarapuava e Unincor/Três Corações, nesta última atuou também como professor do Mestrado acadêmico em Letras e como professor e coordenador do Mestrado profissional em Ensino. Autor e organizador dos seguintes livros: O cânone visual - as belas artes em discurso (2015, Ed. Unesp); Democracia, ditadura e direitos humanos em perspectiva discursiva (2018, Ed. Unifran); Gestão, planejamento e ensino: diálogo com professores e gestores escolares (2020, Ed. Appris). Fez parte da equipe de tradução da obra O discurso social e as retóricas da incompreensão, de Marc Angenot (2015, Ed. UFSCar). Atua nos seguintes temas: retórica, argumentação e discurso.

Références

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Publié

2025-09-23

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“Não há pobreza que resista a 14 horas de trabalho”: o discurso de enriquecimento nas redes sociais. Revista Heterotópica, [S. l.], v. 7, n. 1, p. 252–282, 2025. DOI: 10.14393/HTP-v7n1-2025-76707. Disponível em: https://seer.ufu.br/index.php/RevistaHeterotopica/article/view/76707. Acesso em: 21 déc. 2025.