Lições da pandemia: aprender com outras epistemologias o cuidado coletivo com reciprocidade
DOI:
https://doi.org/10.14393/REP-2020-56010Palavras-chave:
Território de cuidado, Saúde coletiva, Educação popular, Bem viver, PandemiaResumo
Em tempos de pandemia, as fragilidades existentes decorrentes das desigualdades, conformadas e aprofundadas na globalização neoliberal, se expressam de forma mais contundente. O modelo biomédico, centrado na assistência hospitalar e em tecnologias duras, evidenciou sua insuficiência para o cuidado coletivo no contexto do Covid 19. O cuidado de vizinhança dos diferentes grupos populacionais e a Atenção Básica em Saúde integrada às redes de cuidado são vias que, se trilhadas, possibilitam um manejo mais adequado frente às situações emergenciais de saúde. Na trajetória de lutas e afetividades da Educação Popular na Saúde no Brasil, emergem práticas e saberes tecidos cotidianamente de forma compartilhada nas diversidades dos territórios de vida. Movimentos decoloniais na saúde, embora contra hegemônicos, têm apontado experiências mais plenas de cuidado coletivo, como o Bem Viver – cosmologia que adquire nuances entre povos originários na América Latina. São princípios elencados por essa perspectiva: reciprocidade, relacionalidade, complementariedade e solidariedade entre pessoas e comunidades. Aprender com outras epistemologias que trazem capilaridades de cuidado recíproco, incluindo todos os seres da Natureza, é uma possibilidade de potencializarmos outras narrativas para a promoção de saúde e para o adiamento do fim do mundo.
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