Quando o futebol é de mulheres: suspeitas, regulações e transgressões no campo dos gêneros e sexualidades
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Resumo
O estudo discute a percepção que jovens jogadoras de futebol possuem de si mesmas, frente às relações de gênero e sexualidade a partir de pesquisa que envolveu observações de treinos e seis entrevistas semiestruturadas com uma equipe feminina de município do interior paulista. Ao compreender as sexualidades e o gênero como construções sócio-históricas, problematiza-se a prática do futebol e os dispositivos que produzem “modos de ser mulher” a partir de políticas normalizadoras. Conclui-se que regimes normativos de gênero regulam os corpos das jovens atletas frente a um esporte considerado como masculino; gerenciam modos possíveis de estilização corporal das jogadoras; e instituem regras que visam afastá-las de uma possível aproximação com o desejo lesbiano. Tais achados desvelam o futebol como prática social generificada e generificante, produtora de corpos/subjetividades que são gerenciados pelos dispositivos de gênero e sexualidade. Também permitem (re)pensar as relações estabelecidas entre gênero, sexualidade e práticas corporais.
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