Os processos subjetivos de professores no trabalho pedagógico com alunos com altas habilidades/superdotação
Conteúdo do artigo principal
Resumo
O paradigma da inclusão escolar apresenta novas exigências ao ofício de ser professor, demandando que as práticas pedagógicas sejam organizadas a fim de atender às expectativas e às necessidades de um grupo amplo de alunos, incluindo os alunos com altas habilidades/superdotação – AH/SD. Com o intuito de avançar nas discussões que tratam do trabalho pedagógico sob uma perspectiva descritiva, reducionista e instrumental, propõe-se a sua investigação a partir das relações e contradições, que caracterizam a subjetividade humana. O objetivo principal deste estudo foi ampliar as perspectivas de análise da prática pedagógica, redimensionando esse conceito ao discuti-lo a partir da subjetividade em uma dimensão complexa, e favorecer a compreensão dos processos subjetivos do professor e do espaço escolar bem como as suas expressões sobre o trabalho desenvolvido junto a alunos com AH/SD. A Teoria da Subjetividade, desenvolvida numa perspectiva cultural-histórica por González Rey, orienta este estudo, que também se apoia na Epistemologia Qualitativa e no método construtivo-interpretativo. O estudo foi realizado com uma professora que atua com alunos com AH/SD em uma escola regular, privada, em Teresina, a partir de entrevistas, completamento de frases e composição. As informações resultantes do processo construtivo-interpretativo apontam que a produção coletiva e dialógica do trabalho pedagógico viabiliza ao grupo de professores a configuração de um espaço de formação mútua; há organicidade nas ações desenvolvidas pelos professores da sala comum e do Atendimento Educacional Especializado; há a circulação de elevadas expectativas de aprendizagem em relação aos alunos. Todos esses processos integram a rede de sentidos subjetivos que circulam na instituição, constituindo a sua subjetividade social como favorecedora de práticas pedagógicas inclusivas em relação ao aluno com AH/SD.
Downloads
Detalhes do artigo
Referências
AMARAL, A. L. S. N. O sentido subjetivo da aprendizagem para alunos universitários criativos. 2006. 190 f. Dissertação (Mestrado em Educação). Universidade de Brasília. Brasília, 2006.
ARROYO, M. G. Ofício de Mestre: Imagens e autoimagens. Petropólis: Vozes, 2000.
BAHIA, S.; TRINDADE, J.P. Transformar o velho em novo: a integração da criatividade na educação. In: PISKE, F.H.R.; BAHIA, S. (Orgs.) Criatividade na escola: o desenvolvimento de potencialidades, altas habilidades e talentos. Curitiba: Juruá, 2013.
FRANCO, M.A.R.S. Pedagogia: Por entre resistências e insistências. Rev. Espaço do Currículo (online), João Pessoa, v.10, n.2, p. 161-173, mai./ago. 2017.
FREITAS, S. N.; PÉREZ, A. G. P. B. Altas habilidades/superdotação: atendimento especializado. 2. ed. revista e ampliada. Marília: ABPEE, 2012.
GARDNER, H. Inteligências Múltiplas e Teoria na Prática. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995.
GOMES, C; GONZÁLEZ REY, F.L. Inclusão Escolar: Representações Compartilhadas de Profissionais da Educação acerca da Inclusão Escolar. Psicologia ciência e profissão, 2007, 27 (3), 406-417).
GONZÁLEZ REY, F. L. O social na psicologia e a psicologia social: a emergência do sujeito. Petrópolis: Vozes, 2004.
______. La Subjetividade em uma Perspectiva Cultural-histórica: Avanzando sobre um Legado Inconcluso. CS, Nº11. Cali, Colombia, enero-junio, 2013.
______. Saúde, cultura e subjetividade: uma referência interdisciplinar / F. G. REY, BIZERRIL, J. – Brasília: UniCEUB, 2015.
GONZÁLEZ REY, F.; MITJANS MARTÍNEZ, M. El desarrollo de la subjetividad: una alternativa frente a las teorías del desarrollo psíquico. Papeles de Trabajo sobre Cultura, Educación y Desarrollo Humano, 13(2), 3-20., 2017b http://psicologia.udg.edu/PTCEDH/menu_articulos.asp
______., M. Subjetividade: Teoria, Epistemologia e Método. Campinas: Alínea, 2017a.
GOULART, Daniel Magalhães. Educação, saúde mental e desenvolvimento subjetivo: Da patologização da vida à ética do sujeito. Tese de Doutorado em Educação. Universidade de Brasília. Brasília, 2017.
GUENTHER, Z.C. Desenvolver capacidades e talentos: um conceito de inclusão. Petrópolis: Vozes, 2003.
MENDES, E.G.; CIA, F.; TANNÚS-VALADÃO, G. Organização e funcionamento do Atendimento Educacional Especializado. In: MENDES, E.G.; CIA, F.; TANNÚS-VALADÃO, G. Inclusão Escolar em foco: Organização e Funcionamento do Atendimento Educacional Especializado. São Carlos: Marquezine & Manzine, ABPEE, 2015. v. 4
MENDES, E. G.; CIA, F.; CABRAL, L. S. A. (Org.). Inclusão escolar e os desafios para a formação de professores em educação especial. 1. ed. São Carlos: Marquezine & Manzine, 2015. v. 3. 530p.
MONTE, P.M. A aprendizagem do adolescente com altas habilidades: um estudo de caso na perspectiva da teoria da subjetividade. Universidade Federal do Piauí. Dissertação de Mestrado: Teresina, 2009.
MORI, N.N.R.; BRANDÃO, S.H. O atendimento em salas de recursos para alunos com altas habilidades/superdotação: o caso do Paraná. Rev. Bras. Educ. Espec., Marilia, v.15, n.3, p.485-498, 2009.
PALUDO, K. I.; LOOS-SANT´ANA, H.; SANT´ANA-LOOS, R. S. Altas habilidades/ superdotação: identidade e resiliência. Curitiba: Juruá, 2014.
PÉREZ, S. G. P. B. Mitos e crenças sobre as pessoas com altas habilidades: alguns aspectos que dificultam o seu atendimento. Revista Educação. Santa Maria, nº 22, 2003.
PÉREZ, S. G. P. B.; FREITAS, S. N. Encaminhamentos pedagógicos com alunos com altas habilidades/superdotação Educar em Revista, Curitiba, n. 41, Editora UFPR. p. 109-124, jul./set. 2011.
______. Do pecado de ser mulher ao medo de ser mulher com altas habilidades/superdotação. Superdotados: Trajetórias de Desenvolvimento e Realizações. Curitiba: Juruá, 2013
______. Políticas públicas para as Altas Habilidades/ Superdotação: incluir ainda é preciso. Revista Educação Especial, v. 27, n. 50, set./dez. 2014
RENZULLI, J.S. O que é esta coisa chamada superdotação, e como desenvolvemos? Uma retrospectiva de vinte e cinco anos. Educação (1) 75-121, 2004.
______. What Makes Giftedness? Reexamining A Definition. KAPAN Classic. 8 (29,) pp.81-88, 2011.
______. o que é esta coisa chamada superdotação, e como a desenvolvemos?uma retrospectiva de 25 anos. In: Educação e inclusão: perspectivas desafiadoras. Claus Dieter Stobäus; Juan José Mouriño. Mosquera. (Orgs.) Porto Alegre: EDIPUCRS, 2013.
______. A concepção de superdotação no Modelo dos Três Anéis: um modelo de desenvolvimento para a promoção da produtividade criativa. VIRGOLIM, A.M.R.; KONKIEWITZ, E.C. (Orgs.) Altas habilidades/superdotação, inteligência e criatividade: uma visão multidisciplinar Campinas: Papirus, 2014.
ROSSATO, M.; MATOS, J. F.; PAULA, R.M. EDUR. A subjetividade do professor e sua expressão nas ações e relações pedagógicas. Educação em Revista. 2018; 34.
SANTOS, G. P.; CARVALHO, M.F.P. A experiência em atendimento educacional especializado no Instituto Dom Barreto: olhares sobre sua história e funcionamento na Educação Infantil e no Ensino Fundamental. In: Memórias e vivências da Psicologia Escolar: Uma prática de vanguarda no Instituto Dom Barreto. Carla Andrea Silva; Delite Conceição Rocha Barros Lemos (Orgs.) 1 ed. Teresina: Instituto Dom Barreto, 2017.
VILARONGA, C. A. R. ; MENDES, E. G.. Ensino colaborativo para o apoio à inclusão escolar: práticas colaborativas entre os professores. Rev. Bras. Estud. Pedagog. [online]. 2014, vol.95, n.239, pp.139-151.