Não repetir o ensinado para ser reprovado e continuar na escola

um ato de resistência ou transgressão?

Autores

DOI:

https://doi.org/10.14393/REP-2023-69182

Palavras-chave:

Educação popular, Formação docente, Práticas pedagógicas, Narrativas (auto)biográficas

Resumo

O artigo narra histórias de vida de processos de escolarização de infâncias pertencentes a uma família de classe popular, moradora da região rural do RS, nos anos 70 e os dispositivos de resistência ao abandono escolar ao concluir a quarta série, última série de escolarização, na ocasião. Toma como referenciais teórico-metodológicos abordagens narrativas (auto)biográficas e histórias de vida. Os objetivos do trabalho são: (i) refletir sobre o cotidiano escolar dessas infâncias para repensar os múltiplos significados da avaliação e da reprovação como ato de resistência familiar para permanecer na escola; (ii) narrar para registrar e entender as estruturas econômico-políticas de poder que estão por trás da inexistência histórica do Estado na oferta de educação para as infâncias populares da zona rural; e (iii) a resistência das crianças que erram para (re)provar, contra as determinações sociais de um Estado que deveria cuidar, ofertar e promover a permanência das crianças na escola. Em síntese, busca-se problematizar, refletir e ressignificar experiências de reprovação escolar, atentas à reprodução de inúmeras desigualdades sociais que atravessam o cotidiano de vida de crianças e famílias de classes populares, com vistas a ressignificá-las em uma perspectiva transformadora.

Downloads

Biografia do Autor

  • Maria Luisa Furlin Bampi, Universidade Estadual do Rio de Janeiro

    Doutora em Psicologia Escolar e do Desenvolvimento Humano pela Universidade de São Paulo, Brasil; professora adjunta da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Brasil.

  • Maria Tereza Goudard Tavares, Universidade do Estado do Rio de Janeiro

    Doutora em Educação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, Brasil; estágio pós-doutoral na Universidade de Campinas, São Paulo, Brasil; professora associada da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Brasil; coordenadora do Grupo de Estudos e Pesquisas Infância(s), Formação de Professores/as e Diversidade Cultural (GIFORDIC).

Referências

ARROYO, M. G. Os movimentos sociais e a construção de outros currículos. Educar em Revista, Curitiba, v. 31, n. 55, p. 47-68, jan./mar. 2015. DOI 10.1590/0104-4060.39832. Disponível em: https://revistas.ufpr.br/educar/article/view/39832. Acesso em: 6 abr. 2023.

ARROYO, M. G. Formação de educadores do campo. In: CALDART, R. S. et al. (org.). Dicionário da educação do campo. Rio de Janeiro: EPSJV; São Paulo: Expressão Popular, 2012. p. 359-365.

BAMPI, M. L. F.; SCHINDHELM, V. G. Histórias, narrativas e afetos: experiências de um jovem leitor. Linha Mestra, São Paulo, v. 16, n. 46. p. 977-978, 2022. DOI 10.34112/1980-9026a2022n46p977-984. Disponível em: https://lm.alb.org.br/index.php/lm/article/view/964/986. Acesso em: 14 set. 2023.

BACHELARD, G. A poética do espaço. Tradução de António da Costa Leal e Lídia do Valle Santos Leal, São Paulo: Abril Cultural, 1984.

BENJAMIN, W. Magia e técnica, arte e política: ensaios sobre literatura e história da cultura. Tradução de Sérgio Paulo Rouanet. 7. ed. São Paulo: Brasiliense, 1994. (Coleção Obras Escolhidas v. 1).

BOSI, A. Dialética da colonização. São Paulo: Companhia das Letras, 1992.

CALDART, R. S. et al. (org.). Dicionário da educação do campo. Rio de Janeiro: EPSJV; São Paulo: Expressão Popular, 2012.

CLANDININ, D. J.; CONNELLY, F. M. Pesquisa narrativa: expectativas e histórias na pesquisa qualitativa. Uberlândia: EDUFU, 2019.

DAMASCENO, M. N.; BESERRA, B. Estudos sobre educação rural no Brasil: estado da arte e perspectivas. Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 30, n. 1, p. 73-89, jan./abr. 2004. DOI 10.1590/S1517-97022004000100005. Disponível em: https://www.scielo.br/j/ep/a/9pR4SJPQLNqFb6mhkxKN6QR/abstract/?lang=pt. Acesso em: 14 set. 2023.

DELORY-MOMBERER, C. Formação e socialização: os ateliês biográficos de projeto. Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 32, n. 2, p. 359-371, maio/ago. 2006. DOI 10.1590/S1517-97022006000200011. Disponível em: https://www.scielo.br/j/ep/a/GxgXTXCCBkYzdHzbMrbbkpM/abstract/?lang=pt. Acesso em: 14 set. 2023.

ESTEBAN. M. T. O que sabe quem erra?: reflexões sobre avaliação e fracasso escolar. 4. ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2006.

FRANTZ, W. Movimento comunitário e cooperativismo: uma experiência de educação popular. In: STRECK, D.; ESTEBAN, M. T. (org.). Educação Popular: lugar de construção social coletiva. Petrópolis: Vozes, 2013. p. 274-292.

FREIRE, P. Pedagogia da esperança. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992.

GADOTTI, M. Educação popular, educação social, educação comunitária: conceitos e práticas diversas, cimentadas por uma causa comum. In: CONGRESSO INTERNACIONAL DE PEDAGOGIA SOCIAL, 4., 2012, São Paulo. Anais [...]. São Paulo: ABES, 2012. Disponível em: http://www.proceedings.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=MSC0000000092012000200013&lng=en&nrm=iso. Acesso em: 10 abr. 2023.

GATTI, B. A. A pesquisa em educação e o campo da formação de educadores: diálogos com Marli André. Revista Brasileira de Formação de Professores, Belo Horizonte, v. 13, n. 28, p. 47-56, set./dez. 2021. DOI 10.31639/rbpfp.v13i28.546. Disponível em: http://www.revformacaodocente.com.br. Acesso em: 6 abr. 2013.

HOOKS, B. Ensinando a transgredir: educação como prática de liberdade. Tradução de Marcelo Brandão Cipolla. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2017.

JOSSO, M. C. Experiências de vida e formação. São Paulo: PAULUS; Natal: EDUFRN, 2010.

KOHAN, W. O. O mestre inventor: relatos de um viajante educador. Tradução de Hélia Freitas. Belo Horizonte: Autêntica, 2015.

NÓVOA, A.; FINGER, M. (org.). O método (auto)biográfico e a formação. 2. ed. Natal: EDUFRN, 2014.

PALUDO, C. Educação Popular em busca de alternativas: uma leitura desde o campo democrático popular. Porto Alegre: Tomo Editorial, 2001.

RICOEUR, P. Tempo e narrativa. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2010.

SARMENTO, M.; GOLVEIA, M. C. S. Estudos da Infância. Educação e práticas sociais. Petrópolis: Vozes, 2008. p. 17-26.

SAVIANI, D. Pedagogia histórico-crítica: primeiras aproximações. 10. ed. Campinas: Autores Associados, 2008. (Educação Contemporânea).

SOUZA, E. C. (Auto)biografia, ciência e arte: diálogos com Oliver Sacks. e-Curriculum, São Paulo, v. 21, p. 1-17, 2023. DOI 10.23925/1809-3876.2023v21e59921. Disponível em: https://revistas.pucsp.br/index.php/curriculum/article/view/59921. Acesso em 6 abr. 2023.

VIGOTSKI, L. S. Pensamento e linguagem. 3. ed. São Paulo: Martins Fontes 1991.

Downloads

Publicado

18-10-2023

Como Citar

BAMPI, Maria Luisa Furlin; TAVARES, Maria Tereza Goudard. Não repetir o ensinado para ser reprovado e continuar na escola: um ato de resistência ou transgressão?. Revista de Educação Popular, Uberlândia, n. Edição Especial, p. 278–295, 2023. DOI: 10.14393/REP-2023-69182. Disponível em: https://seer.ufu.br/index.php/reveducpop/article/view/69182. Acesso em: 14 abr. 2025.