Não repetir o ensinado para ser reprovado e continuar na escola
um ato de resistência ou transgressão?
DOI:
https://doi.org/10.14393/REP-2023-69182Palavras-chave:
Educação popular, Formação docente, Práticas pedagógicas, Narrativas (auto)biográficasResumo
O artigo narra histórias de vida de processos de escolarização de infâncias pertencentes a uma família de classe popular, moradora da região rural do RS, nos anos 70 e os dispositivos de resistência ao abandono escolar ao concluir a quarta série, última série de escolarização, na ocasião. Toma como referenciais teórico-metodológicos abordagens narrativas (auto)biográficas e histórias de vida. Os objetivos do trabalho são: (i) refletir sobre o cotidiano escolar dessas infâncias para repensar os múltiplos significados da avaliação e da reprovação como ato de resistência familiar para permanecer na escola; (ii) narrar para registrar e entender as estruturas econômico-políticas de poder que estão por trás da inexistência histórica do Estado na oferta de educação para as infâncias populares da zona rural; e (iii) a resistência das crianças que erram para (re)provar, contra as determinações sociais de um Estado que deveria cuidar, ofertar e promover a permanência das crianças na escola. Em síntese, busca-se problematizar, refletir e ressignificar experiências de reprovação escolar, atentas à reprodução de inúmeras desigualdades sociais que atravessam o cotidiano de vida de crianças e famílias de classes populares, com vistas a ressignificá-las em uma perspectiva transformadora.
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