As práticas integrativas e complementares nos cursos da saúde de universidades públicas

Autores

DOI:

https://doi.org/10.14393/REP-2022-67311

Palavras-chave:

Práticas Complementares, Promoção da Saúde, Sistema Único de Saúde, Educação Superior

Resumo

O ensino em Práticas Integrativas e Complementares (PICS) vem sendo, aos poucos, introduzido em cursos de graduação da área da saúde. O presente artigo avalia a oferta de ensino em PICS na graduação dos referidos cursos por meio de um estudo documental exploratório de 17 cursos de graduação da área da saúde de duas Instituições de Ensino Superior (IES) públicas do Nordeste do Brasil. Foi realizada a análise dos projetos pedagógicos, ementários e matrizes curriculares nas páginas eletrônicas das IES e caracterizou-se o curso, a oferta, as disciplinas, a carga horária e a modalidade terapêutica das PICS ensinadas. Nas IES, observaram-se 30 disciplinas, 12 obrigatórias e 18 optativas, sendo 17 com carga horária de 30-32 horas. As modalidades mais ofertadas são Fitoterapia, Homeopatia e Acupuntura/Medicina Tradicional Chinesa, e os cursos com maior disponibilidade de disciplinas foram Enfermagem, Fisioterapia e Farmácia. Conclui-se que a inserção do ensino em PICS nos cursos da saúde nas duas IES, embora abrangente, é fragmentada e isolada em disciplinas pontuais, principalmente, no formato optativo, deixando muitos estudantes sem o conhecimento das PICS, seus pressupostos teóricos e práticas terapêuticas.

O ensino em Práticas Integrativas e Complementares (PICS) vem sendo, aos poucos, introduzido em cursos de graduação da área da saúde. O presente artigo avalia a oferta de ensino em PICS na graduação dos referidos cursos por meio de um estudo documental exploratório de 17 cursos de graduação da área da saúde de duas Instituições de Ensino Superior (IES) públicas do Nordeste do Brasil. Foi realizada a análise dos projetos pedagógicos, ementários e matrizes curriculares nas páginas eletrônicas das IES e caracterizou-se o curso, a oferta, as disciplinas, a carga horária e a modalidade terapêutica das PICS ensinadas. Nas IES, observaram-se 30 disciplinas, 12 obrigatórias e 18 optativas, sendo 17 com carga horária de 30-32 horas. As modalidades mais ofertadas são Fitoterapia, Homeopatia e Acupuntura/Medicina Tradicional Chinesa, e os cursos com maior disponibilidade de disciplinas foram Enfermagem, Fisioterapia e Farmácia. Conclui-se que a inserção do ensino em PICS nos cursos da saúde nas duas IES, embora abrangente, é fragmentada e isolada em disciplinas pontuais, principalmente, no formato optativo, deixando muitos estudantes sem o conhecimento das PICS, seus pressupostos teóricos e práticas terapêuticas.

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Biografia do Autor

Maria do Socorro Trindade Morais, Universidade Federal da Paraíba

Doutora em Educação pela Universidade Federal da Paraíba, Brasil; professora do Departamento de Promoção da Saúde do Centro de Ciências Médicas da mesma instituição; líder do Grupo de Pesquisa em Práticas Integrativas e Complementares em Saúde.

Beatriz Brasileiro de Macedo Silva, Universidade Federal da Paraíba

Graduanda em Medicina na Universidade Federal da Paraíba, Brasil.

Franklin Delano Soares Forte, Universidade Federal da Paraíba

Doutor em Odontologia Preventiva e Social pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, São Paulo, Brasil; estágio pós-doutoral na Universidade de Campinas, São Paulo, Brasil; professor do Departamento de Odontologia Clínica e Social do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal da Paraíba, Brasil. 

João Pedro Pedreira Alencar , Universidade Federal da Paraíba

Graduando em Medicina na Universidade Federal da Paraíba, Brasil.

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Publicado

05-11-2022

Como Citar

MORAIS, M. do S. T.; SILVA, B. B. de M.; FORTE, F. D. S.; ALENCAR , J. P. P. As práticas integrativas e complementares nos cursos da saúde de universidades públicas. Revista de Educação Popular, Uberlândia, p. 117–134, 2022. DOI: 10.14393/REP-2022-67311. Disponível em: https://seer.ufu.br/index.php/reveducpop/article/view/67311. Acesso em: 22 dez. 2024.