BNCC e a Carta da Terra

análise dos discursos dissonantes a partir do pensamento de Paulo Freire

Autores

DOI:

https://doi.org/10.14393/REP-2021-62350

Palavras-chave:

BNCC, Carta da Terra, Paulo Freire

Resumo

Este artigo tem como objetivo discutir a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para lançar luz sobre como são abordados os temas relacionados aos debates atuais sobre a sustentabilidade da vida no planeta nos cinco primeiros anos do ensino fundamental. Com base na epistemologia do ciclo de políticas, discute-se a origem da BNCC e suas intenções, considerando questões de poder que levam ao predomínio da lógica empresarial na educação. O estudo das habilidades a serem desenvolvidas com os estudantes revelou um enfoque curricular técnico-instrumental em uma realidade mitificada, com temas abordados de forma reducionista e fragmentada. Com base no pensamento de Paulo Freire, conclui-se pela necessária compreensão dessa política para a construção da consciência crítica que viabilize outros desenhos curriculares fundamentados na educação crítico-emancipatória. Com esse propósito, a Carta da Terra, a partir de uma leitura crítica, pode ser assumida como instrumento de luta contra uma educação reacionária no bojo de uma sociedade desigual e excludente. A Carta da Terra, ao estabelecer um pacto de cuidado com a Terra, promovendo os direitos humanos, a justiça social e econômica para uma civilização sustentável, constitui-se como importante referência para a construção do currículo escolar, visando à práxis que é, em si, transformadora.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Elisabete Ferreira Esteves Campos, Universidade Metodista de São Paulo

Doutora em Educação pela Universidade de São Paulo, Brasil; professora titular da Universidade Metodista de São Paulo, Brasil; líder do Grupo de Pesquisa Políticas de Gestão Educacional e de Formação dos Profissionais da Educação e do Grupo de Estudos Paulo Freire.

Referências

AGÊNCIA BRASIL. Unicef: 5,5 milhões estavam sem atividades escolares em outubro. Covid-19 se reflete na reprovação e abandono escolar no Brasil. Disponível em: https://agenciabrasil.ebc.com.br/educacao/noticia/2021-01/unicef-55-milhoes-estavam-sem-atividades-escolares-em-outubro. Acesso em: 2 jul. 2021.

AGUIAR, M. A. S. Relato da resistência à instituição da BNCC pelo Conselho Nacional de Educação mediante pedido de vista e declarações de votos. In: AGUIAR, M. A. da S.; DOURADO, L. F. (org). A BNCC na contramão do PNE 2014-2024: avaliação e perspectivas. Recife: ANPAE, 2018. Disponível em: https://anpae.org.br/BibliotecaVirtual/4-Publicacoes/BNCC-VERSAO-FINAL.pdf. Acesso em: 10 jul. 2021.

ALVES, J. E. D. O mito dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). EcoDebate. 2015. Disponível em: https://www.ecodebate.com.br/2015/09/23/o-mito-dos-objetivos-de-desenvolvimento-sustentavel-ods-artigo-de-jose-eustaquio-diniz-alves. Acesso em: 20 jun. 2021.

BALL, S. J.; BOWE, R. Subject departments and the ‘implementation’ of National Curriculum policy: an overview of the issues. Journal of Curriculum Studies, [s. l.], v. 24, n. 2, p. 97-115, 1992. Doi: 10.1080/0022027920240201. Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/248986176_Subject_Departments_and_the_Implementation_of_National_Curriculum_Policy_An_Overview_of_the_Issues. Acesso em: 3 jul. 2021.

BALL, S. J.; MAGUIRE, M.; BRAUN, A. Como as escolas fazem as políticas: atuação em escolas secundárias. Tradução de Janete Bridon. Ponta Grossa-PR: Editora UEPG, 2016.

BERRY, T. Prefácio. In: FERRERO, E. M.; HOLLAND, J. Carta da Terra: reflexão pela ação. São Paulo: Cortez Editora, 2004.

BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília-DF, 2017. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_site.pdf. Acesso em: 2 jul. 2021.

BRASIL. Ministério da Educação. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Brasília, DF, 1996.

BOFF, L. A Carta da Terra: uma promessa. Jornal do Brasil. Disponível em: https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/65313/noticia.htm?sequence=1&isAllowed=y. Acesso em: 12 fev. 2021.

CUNHA, L. A. O projeto reacionário de educação. 2016. Disponível em: http://luizantoniocunha.pro.br/uploads/independente/1-EduReacionaria.pdf. Acesso em: 12 dez. 2020.

DECLARAÇÃO DE INCHEON. Educação 2030: Declaração de Incheon e Marco de Ação para a implementação do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 4: Assegurar a educação inclusiva e equitativa de qualidade, e promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos. 2015. Disponível em: https://unesdoc.unesco.org/ark:/48223/pf0000245656_por?posInSet=2&queryId=c76304c9-a1b8-42d1-9be6-12709995e02e. Acesso em: 22 mar. 2021.

FERRERO, E. M.; HOLLAND, J. Carta da Terra: reflexão pela ação. São Paulo: Cortez Editora, 2004.

FREIRE, P. Conscientização: teoria e prática da libertação: uma introdução ao pensamento de Paulo Freire. 3. ed. São Paulo: Centauro, 2005.

FREIRE, P. Educação como prática da liberdade. 38. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2014.

FREIRE, P. Pedagogia da indignação: cartas pedagógicas e outros escritos. São Paulo: Editora Unesp, 2000.

FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. 46. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2005.

FREIRE, P. Política e educação: ensaios. 5. ed. São Paulo: Cortez, 2001.

FREITAS, L. C. Apresentação do dossiê: políticas públicas de responsabilização na educação. Educação e Sociedade, Campinas, v. 33, n. 119, p. 379-404, abr./jun. 2012. Disponível em: 10.1590/S0101-73302012000200002. Acesso em: 22 mar. 2021.

FREITAS, L. C. Ciclos, seriação e avaliação: confronto de lógicas. São Paulo: Moderna, 2003.

GADOTTI, M. A Carta da Terra no Brasil: um breve balanço. 2010. Disponível em: https://earthcharter.org/wp-content/assets/virtual-library2/images/uploads/A%20Carta%20da%20Terra%20no%20Brasil.pdf. Acesso em: 22 mar. 2021.

GUTIÉRREZ, F.; PRADO, C. Ecopedagogia e cidadania planetária. São Paulo: Cortez, 1999.

MAINARDES, J. A abordagem do ciclo de políticas: explorando alguns desafios da sua utilização no campo da Política Educacional. Jornal de Políticas Educacionais, Paraná, v. 12, n. 16, ago. 2018. Disponível em: https://revistas.ufpr.br/jpe/article/view/59217/36164. Acesso em: 20 maio 2021.

MOZZER, L. D. Formação em serviço no município de Juiz de Fora (2016-2018): olhares e perspectivas docentes. 2020. 364 f. Tese (Doutorado em Educação) – Universidade Metodista de São Paulo, São Bernardo do Campo, SP, 2020.

PORTAL CARTA DA TERRA BRASIL. A Carta da Terra em Ação. Disponível em: http://www.cartadaterrabrasil.com.br/prt/index.html. Acesso em: 22 mar. 2021.

PORTAL DIREITOS HUMANOS. A Carta da Terra na perspectiva da educação. Disponível em: http://www.dhnet.org.br/direitos/cartadaterra/carta_terra_educacao.htm. Acesso em: 22 mar. 2021.

PRADO, C. Biopedagogia. In: GUADAS, P. et al. (org.). Encuentro Internacional: Sendas de Freire: opresiones, resistências y emancipaciones en un nuevo paradigma de vida. Xátiva: Institut Paulo Freire de España y Crec, 2006. p. 169-211.

QUERINO, C. A. S. et al. Estudo da radiação solar global e do índice de transmissividade (kt), externo e interno, em uma floresta de mangue em Alagoas - Brasil. Revista Brasileira de Meteorologia, São José dos Campos, v. 26, n. 2, jun. 2011. Doi: 10.1590/S0102-77862011000200005. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rbmet/a/vj8gfY6zLhnVmm6JsBQ8Z8x/?lang=pt. Acesso em: 1º jul. 2021.

ROMÃO, J. E. Prefácio à edição brasileira. In: FERRERO, E. M.; HOLLAND, J. Carta da Terra: reflexão pela ação. São Paulo: Cortez: Instituto Paulo Freire, 2004.

Downloads

Publicado

29-09-2021

Como Citar

CAMPOS, E. F. E. BNCC e a Carta da Terra: análise dos discursos dissonantes a partir do pensamento de Paulo Freire. Revista de Educação Popular, Uberlândia, p. 148–169, 2021. DOI: 10.14393/REP-2021-62350. Disponível em: https://seer.ufu.br/index.php/reveducpop/article/view/62350. Acesso em: 24 dez. 2024.