Orientações: rumo a uma fenomenologia queer

umo a uma fenomenologia queer

Autores

  • Sara Ahmed Pesquisadora Independente
  • Lux Ferreira Lima Universidade Estadual de Campinas
  • Felipe Costa Aguiar Universidade Estadual de Londrina

DOI:

https://doi.org/10.14393/bbqnfx62

Palavras-chave:

fenomenologia; estudos queer; orientação; normas; desvios.

Resumo

Neste artigo, parte de uma reflexão mais ampla realizada por Sara Ahmed em seu livro “Queer Phenomenology” (2004), a pesquisadora e ativista britânica aproxima clássicos da fenomenologia a estudos queer para propor uma articulação entre sexualização da percepção espacial e espacialização da sexualidade, produtiva a ambos os campos de estudo. Seu ponto de partida é a categoria “orientação”, e seus usos para significar tanto a consciência da situacionalidade existencial quanto o direcionamento do desejo, para desenvolver o argumento de que nossos modos de apreensão e significação da experiência são atravessados pela cisheteronorma, que molda mundos e corpos e interdita horizontes de possível. Seu argumento por uma fenomenologia queer se sustenta menos no estabelecimento de um modo queer de moldagem da existência como objeto de análise, e mais em um compromisso inventivo com uma multiplicidade de linhas de fuga e desvios estranhos a convenções familiares de existência.

Biografia do Autor

  • Sara Ahmed, Pesquisadora Independente

    Sara Ahmed é graduada em inglês, filosofia e história (1990) pela Universidade de Adelaide e doutora (1995) pelo Centre for Critical and Cultural Theory, na Universidade de Cardiff. Atuou na Universidade de Lancaster, no Reino Unido,  na área de Estudos de Mulheres, entre 1994 e 2004.  Entre 2005 e 2016, foi professora de Estudos Culturais e Raciais na Goldsmiths, Universidade de Londres, onde também dirigiu o Centro para a Pesquisa Feminista. Ao longo do processo de escrita deste livro, participou do grupo de trabalho que buscava enfrentar o assédio sexual no ambiente universitário britânico. Decepcionada com a cultura institucional que impedia a percepção e a solução do problema, e em solidariedade às vítimas, optou por se demitir de seu cargo na Goldsmiths. É autora de diversos livros e desde 2016 atua como pesquisadora independente, dando palestras e organizando seminários e workshops. Autora de  diversas obras, como  Queer Phenomenology: Orientations, Objects, Others. Durham: Duke University Press, 2006, Strange Encounters: Embodied Others in Post-coloniality. London: Routledge, 2000. e Differences That Matter: Feminist Theory and Postmodernism. Cambridge: Cambridge University Press, 1998.

  • Lux Ferreira Lima, Universidade Estadual de Campinas

    Antropólogue. Bacharel em Direito e Ciências Sociais pela USP, Mestre e Doutore em Antropologia Social pela mesma Universidade, com estágio de pesquisa em Princeton University (2014-2015) e na University of Pennsylvania (EUA) (2019-2020). Tem experiência e atua em docência e em pesquisas sobre direitos e cidadania, Poder Judiciário, literatura, interseccionalidade e transfeminismos. Presta consultoria sobre diversidade e equidade, com enfoque em equidade de gênero e na população LGBTQIA+. Realiza traduções do inglês para o português brasileiro.

  • Felipe Costa Aguiar, Universidade Estadual de Londrina

    Licenciado em Pedagogia pela Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF), licenciado e mestre em Geografia pela Universidade Federal Fluminense (UFF) e doutorando em Geografia pela Universidade Estadual de Londrina (UEL).

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Publicado

2024-12-31

Edição

Seção

Dossiê Gênero

Como Citar

Orientações: rumo a uma fenomenologia queer: umo a uma fenomenologia queer. (2024). Perspectivas Em Psicologia, 28(2), 1-38. https://doi.org/10.14393/bbqnfx62