Proust e Boltanski

a obsessão pelas coisa

Autores

DOI:

https://doi.org/10.14393/OUV-v15n2a2019-48977

Palavras-chave:

Marcel Proust, Christian Boltanski, objetos, memória, imagem

Resumo

Com frequência Christian Boltanski cita Marcel Proust em suas entrevistas. E, como o próprio Proust, também Boltanski está à procura obsessiva de respostas sobre questões fundamentais da índole humana: como e por que descrever a morte? Ela pode ser aceita fora do parâmetro artístico? O que implica o distanciamento de coisas e seres queridos? Que mudança acontece na frente da ausência? Por que, para restituir vida (se assim pode-se dizer) é necessário um trabalho sobre a memória? A memória permite reconstituir o objeto de amor ou é uma ilusão estética? Porém, enquanto Proust tenta resolver a obsessão pela memória numa fulguração epifânica em que se reúne e se condensa todo o tempo perdido, em Boltanski manifesta-se a consciência de uma divisão entre o eu e a realidade e, especialmente, a impossibilidade de que um Ideal possa preencher o vazio criado pelo sujeito. Boltanski acredita ainda na função redentora (no sentido psicanalítico) da Arte. Os objetos e a memória a eles ligada reescrevem a “Recherche” proustiana em um arquivo antropológico que tenta lançar luz sobre zonas obscuras do Eu.

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Biografia do Autor

Biagio D'Angelo, Universidade de Brasília

Bolsista de Produtividade em Pesquisa 2 (CNPq), é Professor de Teoria, Crítica e História da Arte na Universidade de Brasília. Trabalhou como Professor de Teoria da Literatura e Escrita Criativa do Programa de Pós-Graduação em Letras da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Foi também Professor de Literatura Comparada em várias universidades internacionais (Hungria, Peru, Bélgica, Rússia). Presidente do Comitê Internacional de Estudos Latino-americanos (2007-2010) da AILC/ICLA (Associação Internacional de Literatura Comparada). Formado em línguas e literaturas orientais, com ênfase na área de arte e cultura russa, pela Universidade de Veneza Ca Foscari. Entre seus campos de interesse: linguagens e hibridismos na literatura e nas artes visuais; livro-objeto e livro de artista; relações intersemióticas entre palavra e imagem; poesia visual; transtextualidades. Dentro das suas publicações acadêmicas, destacam-se ensaios sobre autores latino-americanos, sobre as relações entre cultura e visualidade, sobre os mitos nas literaturas americanas. Publicou também três livros de poesias. Entre suas publicações mais recentes: Tito, meu irmão e eu (Porto Alegre: Edelbra, 2014); em coautoria con MELLO, A. M. L. (Org.) ; SOUZA, R. T. (Org.) ; JACOBY, S. (Org.) ; GERBASE, C. (Org.). Literatura e Cinema. Encontros contemporâneos. (Porto Alegre: Dublinense, 2014). O livro "Benjamin. Poema com desenhos e músicas" (São Paulo: Melhoramentos, 2011) ganhou o Premio Jabuti 2012 no âmbito da Literatura Infanto-juvenil e faz parte do Acervo Básico 2012 da FNLIJ (Fundação Nacional de Literatura Infantil e Juvenil).

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Publicado

2019-12-31

Como Citar

D’ANGELO, B. Proust e Boltanski : a obsessão pelas coisa. ouvirOUver, [S. l.], v. 15, n. 2, p. 540–550, 2019. DOI: 10.14393/OUV-v15n2a2019-48977. Disponível em: https://seer.ufu.br/index.php/ouvirouver/article/view/48977. Acesso em: 26 jul. 2024.