O papel da improvisação em quatro obras para percussão e meios eletrônicos em tempo real

Autores

  • Daniel Luis Barreiro Universidade Federal de Uberlândia
  • César Adriano Traldi Universidade Federal de Uberlândia
  • Celso L. A. Cintra Universidade Federal de Uberlândia
  • Carlos R. F. Menezes Júnior Universidade Federal de Uberlândia

Palavras-chave:

Percussão. Interatividade. Improvisação. Composição.

Resumo

Este artigo aborda quatro obras musicais compostas para percussionista e meios eletrônicos em tempo real que apresentam diferentes graus de abertura à improvisação: Iluminura (vibrafone e computador), de Carlos Menezes Júnior; Granada (caixa-clara e computador), de Cesar Traldi; Altar ou A Resposta dos Deuses (temple bell e computador), de Celso Cintra; e Natural Tech (marimba e computador) de Daniel Barreiro. As obras, compostas em 2010, estão vinculadas a uma pesquisa financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG). Iluminura estabelece um diálogo em tempo real entre vibrafone e computador, explorando momentos de fusão e momentos de forte contraste entre os sons acústicos e eletroacústicos. A maior parte dos eventos é definida na partitura, mas há trechos que abrem espaço para improvisações com conjuntos predeterminados de classes de notas. Granada explora trechos precisamente prescritos na partitura e delays de trechos improvisados baseados no ritmo do baião. Isso cria uma base rítmica sobre a qual são retomados elementos anteriores entremeados com momentos de livre improvisação. Altar ou A Resposta dos Deuses é concebida como uma improvisação livre, exceto o primeiro ataque forte indicado nas instruções. A obra possui três seções, mas o intérprete define a sua duração total. Trechos instrumentais são gravados e reproduzidos aleatoriamente com transformações e faz-se uso de delays cujos parâmetros mudam aleatoriamente. Natural Tech também não tem uma duração fixa e apresenta apenas instruções textuais sobre os tipos de comportamentos sonoros que devem ser explorados em cada uma das suas três seções principais. O roteiro apresenta ao(à) percussionista um contexto de improvisação fundado num processo global de transformação sonora que parte de eventos pontuais e espaçados em direção a eventos com um caráter mais contínuo. A parte eletroacústica é gerada em tempo real a partir do material instrumental captado durante a performance e busca delinear o processo global de transformação sonora mencionado. O conjunto das quatro obras apresenta um leque diversificado de abordagens, porém com alguns pontos em comum no que tange às pesquisas composicionais.

Biografia do Autor

  • Daniel Luis Barreiro, Universidade Federal de Uberlândia
    Doutor em Composição Musical pela University of Birmingham (Inglaterra, 2007), é também Bacharel em Música - Composição e Regência pela UNESP (1997) e Mestre em Comunicação e Semiótica pela PUC/SP (2000). Suas pesquisas estão centradas principalmente nos seguintes temas: música contemporânea, música eletroacústica, música e tecnologia, Max/MSP, difusão sonora (espacialização) de obras eletroacústicas, tempo musical e análise musical. Foi bolsista do CNPq (Pós-Doutorado em Ciência da Computação, 2008), da CAPES (Doutorado no Exterior, 2003-2007), da FAPESP (Mestrado, 1998-2000; e Iniciação Científica, 1994-1996) e do PIBIC/CNPq/UNESP (Iniciação Científica, 1997). Sua produção composicional inclui obras eletroacústicas acusmáticas em stereo e em oito canais, obras mistas (para instrumentos e sons eletroacústicos/interação sonora em tempo-real), paisagens sonoras para instalação de arte interativa e trilhas-sonoras para curtas-metragens e vídeos. Tem obtido reconhecimento em prestigiosos concursos internacionais de composição, tais como Bourges (Prêmio e Menção Honrosa, em 2006; e Seleção - Categoria Residence, em 2005), Metamorphoses (Primeiro Prêmio Ex-Aequo, em 2006), e CIMESP (Finalista, em 2005). Tem obras incluídas nos CDs "Concours de Composition Acousmatique Metamorphoses 2006", lançado na Bélgica, e "Cultures Electroniques 19", lançado na França. Suas obras têm sido apresentadas em importantes festivais, conferências e concertos em diferentes países como Alemanha, Austrália, Bélgica, Brasil, Canadá, Colômbia, Dinamarca, Espanha, Estados Unidos, França, Grécia, Inglaterra, Irlanda do Norte, Itália, México e Suíça. Recebeu o Prêmio de Melhor Artigo Musical de estudante no XI Simpósio Brasileiro de Computação Musical (SBCM'2007) da Sociedade Brasileira de Computação. Cursou disciplinas, cursos e workshops ministrados por Sérgio Freitas (1991), Flo Menezes (1992-1998), Hans Joachim Koellreutter (1993-1995), Edson Zampronha (1996-2000), Graciela Paraskevaidis (1996), Hans Tutschku (1997, 2003 e 2006), Sílvio Ferraz (1999-2000), Erik Oña (2003), Jonty Harrison (2003-2007), Scott Wilson (2004), Bernard Parmegiani (2004), Miller Puckette, Richard Dudas e David Zicarelli (2005), entre outros. Atualmente é Professor Adjunto II da Universidade Federal de Uberlândia (MG), onde atua na Graduação e no Programa de Pós-Graduação em Artes.
  • César Adriano Traldi, Universidade Federal de Uberlândia
    Doutor em Música pela Unicamp.
  • Celso L. A. Cintra, Universidade Federal de Uberlândia
    Doutorando em Musicologia pela ECA/USP. Mestre em Música pela UNESP.
  • Carlos R. F. Menezes Júnior, Universidade Federal de Uberlândia
    Mestre em Ciências na área de processamento da informação/inteligência artificial/computer music pela UFU. Bacharel em Violão pela UFU.

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Publicado

2012-05-28

Edição

Seção

Dossiê Artes Contemporâneas 2

Como Citar

O papel da improvisação em quatro obras para percussão e meios eletrônicos em tempo real. ouvirOUver, [S. l.], v. 7, n. 1, 2012. Disponível em: https://seer.ufu.br/index.php/ouvirouver/article/view/17190. Acesso em: 26 abr. 2025.