Transmasculinidade, raça e classe

a cilada das redes sociais digitais

Autores

  • Igor Veloso Ribeiro PGE/RO
  • Luciane Tavares UFF
  • Marcio Caetano Universidade Federal de Pelotas

DOI:

https://doi.org/10.14393/CEF-v36n1-2023-6

Resumo

Um currículo pode estar feito da mesma matéria dos sonhos, nos quais tudo é possibilidade? Um currículo pode estar feito da mesma matéria da literatura, da filosofia vitalícia, da pintura, da poesia, de toda arte que sonha, delira, cria, encanta e faz sonhar? Um currículo pode estar feito da mesma matéria dos filmes que estão constantemente inventando outros possíveis? Em síntese: um currículo pode estar feito da mesma matéria de uma vida – que é como um mar aberto ou “uma onda do mar” onde “tudo move, tudo muda o tempo todo”? O objetivo deste artigo é discorrer sobre os paradoxos contemporâneos enfrentados pela transmasculinidade preta, pobre e periférica quando colocam suas corporeidades em diálogo com as espacialidades virtuais. Nesse contexto, a partir dos modos de subjetivação curriculares da transmasculinidade produzidas nas redes sociais digitais de Demétrio Campos, interessa discutir os modos como um currículo de masculinidade contra-hegemônica se constitui e orienta-se, muitas vezes, na trilha dos padrões da ideação de um ser universal “glamourizado” ostentado por marcadores hegemônicos de gênero, que por sua vez, produz armadilhas e capturam as vivências ao evidenciar a assimetria racial e sexual cotidiana. É indiscutível a permeabilidade da vida, ora hiperconectada, em constante fluxo com as múltiplas possibilidades existenciais e performáticas das espacialidades virtuais, assim é particularmente relevante problematizar as representações a partir de vivências que desafiam a lógica hegemônica, a fim de questionar as representações que a sustenta. Sugerimos que infirmar a narrativa e performatividade transmasculina preta, pobre e periférica desestabiliza e desloca as relações estruturais de poder. Ao considerar que as redes sociais projetam modos de subjetivações, esta pesquisa foi feita, por métodos mistos, com abordagem qualitativa, descritiva, por meio da interação interdisciplinar dos estudos queer, culturais contemporâneos e de gênero.

PALAVRAS-CHAVE: Transmasculinidade. Representações. Queer. Racismo.

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Biografia do Autor

Igor Veloso Ribeiro, PGE/RO

Procurador do Estado de Rondônia (PGE/RO), advogado e ativista LGBTQI+. Mestre em Direitos Humanos e Desenvolvimento da Justiça pela Universidade Federal de Rondônia (DHJUS/Unir/Emeron). Vice- Líder do Grupo de Pesquisa Audre Lorde. Porto Velho, Rondônia, Brasil.

Luciane Tavares , UFF

Doutoranda no Programa de Pós-graduação em Educação pela Universidade Federal Fluminense (UFF) e professora da Rede Pública Municipal da Cidade do Rio de Janeiro.

Marcio Caetano, Universidade Federal de Pelotas

Doutor em educação pela UFF (2011), docente da Universidade Federal de Pelotas e líder do Grupo de Pesquisa Políticas dos Corpos, Cotidianos e Currículos - POC's-.

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Publicado

2023-06-30

Como Citar

Ribeiro, I. V., Tavares , L., & Caetano, M. (2023). Transmasculinidade, raça e classe: a cilada das redes sociais digitais. Caderno Espaço Feminino, 36(1), 83–109. https://doi.org/10.14393/CEF-v36n1-2023-6

Edição

Seção

Dossiê Temático: Teoria(s) queer/ transviadas: gênero, sexualidade e política