A ousadia de contar-se
representações na construção das violências de gênero
DOI:
https://doi.org/10.14393/CEF-v38n1-2025-16Palabras clave:
Violência de Gênero. Representações Sociais. Poder Simbólico. Conjugalidade. Subjetividades.Resumen
O artigo apresenta uma análise densa e interdisciplinar das representações de gênero, poder e violência conjugal, a partir de entrevistas com pessoas atendidas por instituições de apoio em Uberlândia-MG. A autora examina as múltiplas dimensões da violência de gênero: simbólicas, afetivas, patrimoniais e estruturais. O texto evidencia como determinadas narrativas, representações e aprendizados contribuem para a manutenção de ciclos-espirais de violência — tensão, agressão e reconciliação — e destaca os impactos históricos, culturais e subjetivos dessas experiências. Tendo como base teórica autoras e autores como Scott, Saffioti, Foucault, Chauí, entre outros, a análise articula gênero, elementos microssociais com estruturas de poder e silenciamentos institucionalizados e aponta a educação para a igualdade como possibilidade de enfrentamento às violências.
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