Transmasculinidade, raça e classe
a cilada das redes sociais digitais
DOI:
https://doi.org/10.14393/CEF-v36n1-2023-6Resumo
Um currículo pode estar feito da mesma matéria dos sonhos, nos quais tudo é possibilidade? Um currículo pode estar feito da mesma matéria da literatura, da filosofia vitalícia, da pintura, da poesia, de toda arte que sonha, delira, cria, encanta e faz sonhar? Um currículo pode estar feito da mesma matéria dos filmes que estão constantemente inventando outros possíveis? Em síntese: um currículo pode estar feito da mesma matéria de uma vida – que é como um mar aberto ou “uma onda do mar” onde “tudo move, tudo muda o tempo todo”? O objetivo deste artigo é discorrer sobre os paradoxos contemporâneos enfrentados pela transmasculinidade preta, pobre e periférica quando colocam suas corporeidades em diálogo com as espacialidades virtuais. Nesse contexto, a partir dos modos de subjetivação curriculares da transmasculinidade produzidas nas redes sociais digitais de Demétrio Campos, interessa discutir os modos como um currículo de masculinidade contra-hegemônica se constitui e orienta-se, muitas vezes, na trilha dos padrões da ideação de um ser universal “glamourizado” ostentado por marcadores hegemônicos de gênero, que por sua vez, produz armadilhas e capturam as vivências ao evidenciar a assimetria racial e sexual cotidiana. É indiscutível a permeabilidade da vida, ora hiperconectada, em constante fluxo com as múltiplas possibilidades existenciais e performáticas das espacialidades virtuais, assim é particularmente relevante problematizar as representações a partir de vivências que desafiam a lógica hegemônica, a fim de questionar as representações que a sustenta. Sugerimos que infirmar a narrativa e performatividade transmasculina preta, pobre e periférica desestabiliza e desloca as relações estruturais de poder. Ao considerar que as redes sociais projetam modos de subjetivações, esta pesquisa foi feita, por métodos mistos, com abordagem qualitativa, descritiva, por meio da interação interdisciplinar dos estudos queer, culturais contemporâneos e de gênero.
PALAVRAS-CHAVE: Transmasculinidade. Representações. Queer. Racismo.