O processo civilizatório da infância pelo corpo: um pouco do que a História nos conta
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Resumo
A questão do cerceamento dos corpos infantis nas escolas, por meio da disciplinarização, leva-nos a refletir sobre quando e por que tais práticas pedagógicas baseadas nessa visão se tornaram ações dentro da “normalidade” e perduraram ao longo de décadas de escola pública no Brasil. Esse artigo parte do pressuposto de que muitas ações repressoras do lúdico, infelizmente, bastante comuns em muitos contextos escolares e que resultam numa disciplinarização corporal, são consequências de imposições históricas às crianças. É possível inferir que muitos eventos históricos contribuíram para que tais visões ainda prevaleçam no contexto escolar, o que consequentemente resulta em uma educação engessada e que tende a não valorizar as culturas lúdicas infantis presentes dentro das escolas. Importa pensarmos que, independente de imposições disciplinares corporais, nossas crianças continuam a produzir cultura – o que nos parece ser digno de novas discussões, é como podemos mudar concepções e práticas historicamentes adquiridas a respeito dessa temática.
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