Perspectivas históricas sobre a formação do espírito crítico
Conteúdo do artigo principal
Resumo
Formação para o espírito crítico: esse propósito da escola republicana francesa pode apoiar-se em uma venerável tradição histórica, ilustrada pelos nomes de Condorcet ou Ferdinand Buisson. Mas esse propósito declarado se apresenta aos olhos do historiador como um propósito mais sonhado do que real, e os professores da Terceira República, em seu conjunto, acabaram por dar mostras de um ensino dogmático. Paradoxalmente, o desenvolvimento do espírito crítico não foi uma realidade até as décadas de 1960 e 1970, quando o modelo do individualismo democrático tendeu a substituir o da formação do cidadão republicano. Como, então, a insistência que se observa hoje na França em fazer da escola o lugar de transmissão dos "valores da República" se concilia com o ideal individualista da formação para o espírito crítico? Essa é uma questão para a qual a administração escolar, promovendo as virtudes do espírito crítico, ao mesmo tempo em que teme que ele chegue ao ponto de questionar os "valores da República", parece não perceber o seu caráter problemático.
Detalhes do artigo
Seção

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.
Os trabalhos publicados são de propriedade dos seus autores, que poderão dispor deles para posteriores publicações, sempre fazendo constar a edição original (título original, Cadernos de História da Educação, volume, nº, páginas).
Como Citar
Referências
BERT, Paul. De l’éducation civique. Conférence faite au palais du Trocadéro, le 6 août 1882 au profit des bibliothèques populaires syndiquées du département de la Seine. Paris: Librairie Picard-Bernheim et Cie.
BUISSON, Ferdinand. Discours au congrès du parti radical de 1903, in Parti républicain radical et radical-socialiste. Troisième congrès annuel: Marseille (octobre 1903). Alençon: Imprimerie veuve Félix Guy et Cie, 1903.
CONDORCET. Rapport sur l’instruction publique. Paris: Édilig, 1989.
CONDORCET. Cinq mémoires sur l’instruction publique. Paris: Garnier-Flammarion, 1994.
DELOYE, Yves. École et citoyenneté. L’individualisme républicain de Jules Ferry à Vichy: controverses. Paris: Presses de la Fondation Nationale des Sciences Politiques, 1994. DOI: https://doi.org/10.3917/scpo.deloye.1994.01
KROP, Jérôme. Méritocratie républicaine et scolarisation de masse sous la IIIe République. Rennes: Presses Universitaires de Rennes, 2014. DOI: https://doi.org/10.4000/books.pur.50117
MALEBRANCHE Nicolas. De la recherche de la vérité. Paris: Bordelet, tome 1er, Livre 1, 1759.
PRAIRAT, Eirick. (2002). La lente désacralisation de l’ordre scolaire. Esprit, n° 290, p. 138-151.
RICOEUR, Paul .(1995). Entretien. In HOCQUART, Anita. Éduquer, à quoi bon? PUF.