Entre a Literatura e a História da Educação: uma leitura de Amar, Verbo Intransitivo
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Resumo
O presente artigo discute o uso da literatura como fonte historiográfica para a escrita da história da educação e reflete sobre maneiras de compreender, por intermédio da leitura desse tipo de vestígio do passado, as representações em circulação na São Paulo do início do século XX sobre as mulheres em geral – e as preceptoras, em particular. Também discute, por meio da leitura crítica da obra Amar, verbo intransitivo, do intelectual modernista Mario de Andrade, as relações entre texto e contexto da escrita do livro, particularmente, o período de 1923-1944. À luz dos preceitos teóricos oriundos da História da Educação, da História Cultural e da Filosofia da Linguagem, o texto tece considerações acerca das relações entre dois campos distintos – a História da Educação e a Literatura –, ao mesmo tempo em que problematiza, por intermédio da análise crítica da fonte, as representações de feminilidade e de educação em circulação no período.
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