Escolas de memórias: representações da escola entre novos letrados (Minas Gerais, décadas de 1900 a 1930)

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Cecília Rodrigues Fadul
Ana Maria de Oliveira Galvão

Resumo

O artigo teve como objetivo analisar as representações de escola que autores(as) de autobiografias – nascidos(as) em Minas Gerais a partir do final do século XIX e considerados novos letrados – construíram ao longo de suas trajetórias de vida e produziram em suas obras. Foram analisadas sete autobiografias, compreendidas como documentos significativos para se alcançar as experiências pessoais de um grupo que construiu representações singulares sobre a escola. Chegou-se à conclusão de que a escola, para os novos letrados, foi supervalorizada, sobretudo como mecanismo de inclusão em uma sociedade que, ao longo dos anos - entre o tempo das memórias e o tempo da escrita - viu crescer a valorização da escolarização e da alfabetização. Os(as) autores(as) buscaram, por meio da escola, se incluírem no grupo daqueles que, pela via do conhecimento, ocupava lugares de distinção. A escrita de um livro pareceu configurar o desfecho ideal dessa ascensão simbólica.

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Como Citar
Fadul, C. R., & Galvão, A. M. de O. (2020). Escolas de memórias: representações da escola entre novos letrados (Minas Gerais, décadas de 1900 a 1930). Cadernos De História Da Educação, 19(2), 459–480. https://doi.org/10.14393/che-v19n2-2020-11
Seção
Artigos
Biografia do Autor

Cecília Rodrigues Fadul, Universidade Federal de Minas Gerais (Brasil)

https://orcid.org/0000-0003-1126-6309
http://lattes.cnpq.br/1830588144096290
ceciliafadul@yahoo.com.br

Ana Maria de Oliveira Galvão, Universidade Federal de Minas Gerais (Brasil)

https://orcid.org/0000-0001-9063-8267
http://lattes.cnpq.br/6102383021147824
anamariadeogalvao@gmail.com

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